terça-feira, julho 31

Quem canta consente (7)

"Paper Bag"
Fiona Apple

Bem lembrado, inf!

Arte feita pelas mulheres (7)

Carrie Mae Weems
n. 1953, Portland, Oregon
"Let me say that my primary concern in art, as in politics, is with the status and place of Afro-Americans in our country"

Nos seus livros, fotografias, auto-retratos e narrativas verbais e visuais, Carrie Mae Weems combina humor, ironia e sarcasmo para revelar a forma como a identidade/cultura afro-americana é representada e para denunciar e subverter as opressões raciais e dos estereótipos de género a que está sujeita.

You became a scientific profile/ A negroid type/
An anthropological debate/ & a photographic subject
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From here i saw what happened/ And i cried
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da Série "May Days Long Forgotten"

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Para terminar, duas imagens da série "Ain't joking" em que Weems espicaça as consciências das mulheres (negras e brancas) para o questionamento das noções de beleza em que se situam e para outros dilemas de identificação/ identidade.

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ECOTOPIA

O Ecotopia é um acampamento anual de activistas de toda a Europa e um encontro aberto a todas as pessoas interessadas em questões ambientais e de justiça social. É organizado pela EYFA (Juventude Europeia pela Acção) e por uma ou várias associações ambientais do país, que funcionam como organização que acolhe o evento. Neste ano, a 19ª edição irá decorrer em Portugal, de 4 a 19 de agosto, promovida pelo GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental).
Mais informações: aqui.

Pela Indiferença

via Perplexidades

quarta-feira, julho 25

Usem os pés !!

Dar as mãos, já não é suficiente, muito menos fácil! Pode ser que com os pés seja mais fácil :)
Adorei a foto.

sexta-feira, julho 20

terça-feira, julho 17

Anorexia

Um mal cada vez mais comum...

Pedir ajuda é sinónimo de inteligência e NUNCA de cobardia!

Quem tem medo da Branca de Neve?

A violência doméstica (que assume diversas formas – psicológica, física, económica) aparece justificada na cultura, nas tradições e na socialização. Tudo encoraja (a família, os grupos de pares, as instituições, a literatura, contos de fadas, a religião, os media, as canções e por aí adiante) as mulheres a terem esperança e a acreditar que elas podem mudar os seus parceiros e que devem ser perseverantes para ver os resultados. Comprometimento com a relação constitui, nas representações sociais, um atributo positivo de feminilidade.

Num estudo realizado por La Violette e Barney, foi perguntado às mulheres com qual das personagens d’ “A Branca de Neve” mais se identificavam. Quase todas as mulheres escolheram a Branca de Neve. Por razões óbvias, é raro as mulheres escolherem a Rainha Má/ bruxa como seu modelo.

É interessante seguir as autoras e reflectirmos sobre o que é que se sabe da Branca de Neve. Era muito bonita, bastante passiva, extremamente doce, demasiado indulgente (com os Sete Anões), incrivelmente alimentadora [nurturant], excessivamente desamparada e cantava de forma medíocre. Os modelos de papéis das mulheres (mesmo no século XXI) não sqaem muito das personagens dos contos de fadas. A Branca de Neve, por exemplo, estava preparada para encontrar o Príncipe Encantado, ser acarinhada e salva por ele. Ela não estava preparada para encontrar Atila, o Huno, nem para tomar decisões, ser assertiva e heróica. E a bruxa má? Era bonita, agressiva, diabólica, manipuladora, calculista, forte, interesseira, egoísta e vaidosa. Ela “tratava” de si própria e de qualquer pessoa que se atravessasse no seu caminho. (…) e estava preparada não apenas para encontrar mas também para combater Atila, o Huno.

(…) “Quando uma mulher se envolve com um indivíduo que ela inicialmente percebe como um bonito prínicipe encantado e que, mais tarde, adquire características de Huno, muitas vezes ela não está preparada para lidar com esta situação (…). Os traços de personalidade com que ela cresceu a acreditar como valiosos (…), como a empatia, compaixão, gentileza, capacidade de persão, aqui não a protegem. De facto, podem até fragilizá-la.”

Quando uma mulher vítima de violência resolve denunciar as agressões de que é vítima (…) todos podem estar a dizer-lhe (…) que ela precisa agora canalizar a sua raiva (ou depressão) para a acção. (…) Muitas (…) sentem que se lhes está a pedir que deixem de ser a Branca de Neve e se transformem na Bruxa Má. Pede-se-lhes que passem a ser uma pessoa de quem elas nunca gostaram. Pede-se-lhes que neguem e mudem a sua socialização – e que façam isso rapidamente.


Helena Pinto, Elisabete Brasil, Maria José Magalhães, Laura Fonseca Fernandes
Excertos da comunicação
"ONG´s de mulheres e a luta contra a violência contra as mulheres e crianças no seio da família– o contributo da UMAR) no Colóquio Internacional “Família, Género e Sexualidades nas Sociedades Contemporâneas”

sábado, julho 14

Porque há quem confunda lutas antigas com lutas obsoletas...

..aqui fica um pequeno exemplo de como o feminismo continua a fazer sentido.

Cortiça mantém contrato de trabalho que discrimina mulheres
"Todas as mulheres corticeiras são discriminadas." Maria José Pereira de 40 anos, há 23 a escolher rolhas, é uma das operárias que ontem se juntaram à manifestação à porta da Associação Portuguesa de Cortiça em Santa Maria de Lamas, Feira. O Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte programou uma vigília de 14 horas pelo fim à discriminação salarial e por um aumento de salários de 31,32 euros para os homens e de 40 para as mulheres. "Há casais que fazem exactamente o mesmo serviço. Ele ganha 626,5 euros, ela 527,5", explica Alírio Martins, coordenador da estrutura sindical.

(...) "As mulheres têm de ter um valor diferente, caso contrário, o fosso salarial aumenta", (...). "É uma batalha muito antiga. Muito se tem falado do Ano Europeu de Igualdade de Oportunidades para Todos e, por isso, mais do que nunca não se justifica que isto aconteça." (...) Vamos lutar até conseguir acabar com essa discriminação.""No sector da cortiça há o feminino e o masculino e é preciso acabar com essa diferença", defende Alírio Martins. O contrato colectivo de trabalho prevê que homens e mulheres sejam colocados em grupos diferentes, a exercerem as mesmas funções e com salários distintos. "No momento em que Portugal assume a presidência da União Europeia, parece-nos lógico e oportuno exigir que as mulheres ganhem o mesmo." (...) No sector do calçado, a diferença salarial entre homens e mulheres não é permitida no contrato colectivo de trabalho. No entanto, há casos detectados. Ainda há pouco tempo, havia uma diferença entre os salários de encarregados homens e mulheres na indústria do calçado. Situação que ficou resolvida no ano passado, na última renegociação do contrato colectivo de trabalho.


Sara Dias Oliveira
Jornal Público

quarta-feira, julho 11

Quase achava piada



Courrier Blogosférico


«Partir para uma relação com ideias feitas pode tornar cegos os casais mais bem intencionados.

A terapeuta de casal Gabriela Moita aponta algumas:

1. Síndrome da "bola de cristal" ("Se gostasses de mim, adivinharias o que fazer sem eu ter de to dizer")
2. Estar sempre de acordo ("Se gostasses de mim, farias o que te pedisse")
3. À prova de infidelidade ("um affair é o fim do casamento")
4. Estado de paixão constante ("Sexo sem atmosfera especial não faz sentido")
5. Primado da amizade ("O meu melhor amigo é o cônjuge")

Estas crenças podem transformar-se em fasquias demasiado elevadas que, na melhor das hipóteses, tendem a criar ansiedade conjugal e sentimentos de frustração.»

Excerto de uma peça ("Os nós e os laços do amor") de Clara Soares, publicada na Revista Máxima

PS: Pois eu gostava muito de exercitar os antípodas destes conceitos alienígenas. Por exemplo: "Se às vezes não gostasses de mim, eu não te levava a mal"
Isabel Freire, no Sexualidade Feminina

terça-feira, julho 10

Marcha do Orgulho

"A marcha gay é uma parada exibicionista e descabida. Que façam o que têm a fazer mas na casa deles! 'gora vir cá para a rua... isso não! Já viram por aí heterossexuais a gritar o seu orgulho?"

Por estas ou por outras palavras, este é um discurso recorrente, quando o assunto é a marcha do orgulho lgbt (lésbicas, gays, bissexuais e trangéneros). E isso acontece porque nos esquecemos que esta é uma manifestação política que reivindica igualdade de direitos ("nem menos, nem mais, direitos iguais"). É uma manifestação de um "orgulho/ respeito", por oposição à vergonha socialmente imposta; por oposição às tentativas de remeter a homossexualidade para o domínio do privado; por oposição a uma educação da invisibilidade homossexual.

Pelo orgulho e com orgulho, que se marche! Que se marche contra a homofobia. E que se celebre ter-se conseguido dizer que se tem direito a ser quem se é.

Imagem: II marcha do orgulho lgbt, Porto
Foto Reportagem:
aqui.

segunda-feira, julho 9

Um (qualquer) feminismo?

Por mail, chega-me este vídeo acompanhado de uma provocação: será a letra e o girl power presentes - ainda que filtrados pelo consumismo -feministas?

Que responderiam?

sexta-feira, julho 6

Mulheres não são mais faladoras do que os homens

O Mito urbano da “mulher faladora” e séries como O Sexo e a Cidade ou Donas de Casa Desesperadas são unha com carne. Mas será que a realidade é igual à ficção?


Parece que não, segundo um novo estudo coordenado por Matthias Mehl, professor de Psicologia na Universidade norte-americana do Arizona.

Este lugar comum tem sido alimentado por jornais e pesquisas supostamente científicas há mais de uma década. Mesmo quando a autora mais citada sobre o assunto, Louann Brizendine, já confessou em entrevista ao The Guardian que a sua afirmação de que as mulheres falam em média “três vezes mais do que os homens” não tem qualquer fundamento.

(…)

Agora, com o trabalho realizado pela equipa de Matthias Mehl, torna-se ainda mais fácil contestar este cliché. Ao longo de seis anos, as conversas diárias de vários alunos mexicanos e norte-americanos (no total, 400) foram gravadas, e as suas palavras contadas uma a uma. Isto envolveu a criação de um dispositivo chamado EAR (“ouvido” em inglês), acrónimo de gravador electronicamente activado, que permitia a captação das conversas.

O estudo é publicado hoje na revista Science, e prova que existem diferenças: de pessoa para pessoa e não de sexo para sexo.

Nos números apresentados pela sua equipa, as mulheres falam uma média de 16.500 palavras, contra 15.669 para os homens. Segundo Mehl, esta diferença não é significativa. “o homem mais falador chegou às 47.000 palavras, e o menos falador disse pouco mais de 500.”

Assim, a ideia de que há um reservatório de palavras ou de que haveria uma diferença nas competências de fala entre os dois sexos motivadas pela evolução está posta de parte.

“O estereótipo sobre a predisposição das mulheres para a conversa e dos homens para o silêncio não tem fundamento”, conclui. Só falta agora a versão masculina destas séries de TV. Porque os homens também falam.


Daniel Santos
in Jornal Público
Imagem: Lichtenstein

segunda-feira, julho 2

Dicionário: aquele livrinho que tem as palavras por ordem alfabética e o respectivo significado

Que as pessoas que vivem engalfinhadas no seu passado e com os pés como única parte do corpo assente no presente cedam a facilitismos de definições baratas, até compreendo. Agora, que pessoas que têm acesso a informação, que aparentam ser mentalmente arejadas e críticas face ao que as rodeia caiam na esparrela de pegar em definições decoradas e as usar como suas, isso já me faz alguma comichão. Concedo que, de início, achava alguma piada quando me diziam que feminismo era o feminino de machismo. Não podia deixar de rir perante tamanho disparate. Mas depois de ouvir isso repetidas vezes, o único riso que me sai é o de nervosismo. E ainda para mais, os discursos são do género “eu cá não sou nem pelo machismo nem pelo feminismo. Sou contra qualquer tipo de coisa que superiorize um sexo ao outro”. Por favor! Bastava pegar num dicionário – daqueles mais simplezinhos – para ver que feminismo é isso mesmo. Santa inocência!

Que se perdoe o desabafo... É que, para mim, pior que a nossa própria ignorância (não sabemos, coitado/as) é dizer a ignorância dos outros como se fosse a mais sábia das coisas. É que bastava consultar o dicionário...