terça-feira, março 11

Na ROTA DOS FEMINISMOS ou... a caminho do Congresso Feminista 2008

Diário de Bordo: 2º dia


O segundo dia da ROTA DOS FEMINISMOS arrancou do Porto em direcção a Vouzela. Aí, fomos recebidas pelo presidente da câmara municipal, e por Carmo Bica, da Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões, que nos falaram das especificidades das necessidades e problemas das mulheres do interior. Foi pena não termos estado junto a essas mulheres, mas o encontro valeu pelo estabelecimento de redes e pelas sinergias criadas e planeadas para projectos futuros.


O rossio, em Viseu, foi a paragem seguinte. Junto ao chafariz, o chamariz era outro: o megafone e as estátuas prontas a ser moldadas de acordo com “a mulher ideal”izada pelos e pelas curiosas que passavam.

“A mulher é o paraíso, se não for temperada pelo diabo”; “a mulher é ideal é boa mãe, boa esposa e boa avó”, “a mulher ideal é trabalhadora, honesta”. Uma outra mulher, de braço dado com o companheiro, ia dizendo que a mulher ideal era a que não dependia de um homem, olhada atentamente por um engraxador de sapatos que se apressou a acrescentar que “a mulher é que manda”.

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Terminadas as esculturas e chegados os malabares, a rota continuou por outras ruas de Viseu, estacando à passagem de um grupo de mulheres de Gaia que havia deixado “os homens em casa” para “festejar o Dia da Mulher”. Várias vozes, a uma só, cantavam “abaixo o machismo”, “abaixo a homofobia”, “abaixo o racismo”, de corpo apressado a acompanhar a voz, compassado pelo êxtase das cumplicidades.

Depois do almoço, a rota percorreu o mercado de Viseu onde muitas histórias se ouviram e nos fizeram sentir que tínhamos de voltar.
Coimbra foi a paragem seguinte. A expectativa era muita, por se saber o empenho e energia mobilizadas para a passagem da Rota. Os “Rebimba o Malho” cadenciavam a marcha e as palavras de ordem “Feminismo para a frente, machismo para trás” e “deixa passar, sou feminista e o mundo vou mudar”.




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A música, colocada em pausa por momentos, deu lugar a uma leitura fulgurante, por Helena Faria, de um texto de Maria Velho da Costa. A marcha ficou em suspenso. Silêncio era só o que se ouvia. Só quando a Helena disse “Então?! Festa!” é que a marcha reiniciou.

Foi também momento do lançamento, pela Marcha Mundial das Mulheres, da campanha “Nem mais uma” (mulher assassinada). O colorido dos cartazes foi sublinhado pelas braçadeiras negras, sendo feito o desafio de se usar essa braçadeira quando uma mulher for assassinada; como forma de denúncia.
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Com o autocarro mais composto, pelas companheiras que se juntaram em Coimbra, a rota rumou ao Alentejo, parando em Santarém, onde um grupo de estudantes da ESES esperava, resistentemente, a chegada da rota. E lá fomos espalhar o feminismo pelas ruas, com direito a mais uma performance e a fotografia nas escadas da igreja, como se de um “casamento” se tratasse. “Com o feminismo!”, acrescentaram.

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O jantar, em Évora, foi seguido por concerto na associação “Pé de Xumbo”. O cansaço rapidamente foi abafado pela música dos “Tanira” -que obrigava à dança. E era ver todo o grupo efervescente. No final, Maria José Magalhães, sobe ao palco para agradecer o acolhimento da rota e aplaudir o trabalho do grupo musical porque, sublinha, “a música é uma forma de libertação!”.



A noite termina em Beja, na Pousada da Juventude, onde a expectativa de visitar o monumento às mulheres alentejanas, inaugurado nesse dia, velou o sono.

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