quarta-feira, março 26

Shakespeare’s Sister is a Shakespeare

“It would be impossible, completely and entirely, for any woman to have written the plays of Shakespeare in the age of Shakespeare.” In A Room of One’s own, Virginia Woolf imagines that Shakespeare had a gifted sister, but she did not go to school as him, did not learn grammar and logic and remained at home. One day she hit the road to London, trying to find the way to theatre, poetry and fiction. Shakespeare ended by being The Shakespeare! About his sister Woolf says: “Who shall measure the heat and violence of the poet’s heart when caught and tangled in a woman’s body? Killed herself one winter’s night and lies buried at some cross-roads where the omnibuses now stop outside the Elephant and Castle.”

I would imagine the same end for the same story as Virginia’s. But let us change one small element. Shakespeare helps his sister!

My story is not a work of my own imagination, it is a true one. It is the story of Fadwa Touqan, a Palestinian female poet and writer. Who one day, received a flower from a young boy as an expression of his love to her, and so was punished. Her family decided that she will never ever leave home again. According to Fadwa Touqan she lost the most precious thing to her heart: in that moment School!

Fadwa’s brother is our Shakespeare in this story. Ibrahim Touqan was a famous Palestinian poet, who heard his sister envying his students for learning poetry. So he decided to help her learn poetry. The first poem he taught her was a poem written by a woman. From that moment ever, Fadwa woke up everyday early in the morning and studied till night, building her own school at home with the help of her brother. Fadwa did not kill herself at the end of the story as Shakespeare’s sister did. fadwa became one of the most important Arabic Poets!

Once again I will change one small element in this true story, let us imagine that her brother fought for the right of his sister to go to school instead of teaching her at home. How would the story end? I would like to imagine her ending as a poet in all cases. But would she write the same sentences as the ones she wrote locked in a room of his own?

Gramáticas do Olhar

Cruzar olhares será tarefa fácil,
mas não trocar de olhar;

Em foco: um outro ponto, do avesso,
em avesso: outra luz
outra paisagem
como de um outro azul,
um brilho outro,
um céu rasgado a nuvens
de outra cor

Cruzar olhares será tarefa breve,
trocar de olhar: uma forma de pôr
um palco de deserto, antes miragem:
agora uma viagem
sem regresso

- que a troca: irreversível:

uma forma de excesso devolvido
ao espaço inabitado
por igual

cruzar olhares: uma tarefa curta
(A outra:
a mais gramatical
forma de amar)

Ana Luísa Amaral




a partir da poesia de Ana Luísa Amaral

está em cena o espectáculo "O Olhar diagonal das coisas"

Biblioteca Municipal Florbela Espanca, Matosinhos
28, 29 e 30 de Março de 2008, 21h 30

Entrada Livre




terça-feira, março 25

This is What a Feminist Looks Like!



Vejam este fantástico vídeo da Feminist Majority Foundation! E acabadinho de sair do forno (gajas, feminismos e metáforas gastronómicas... nem de propósito!)

sábado, março 22

Um doce para as cuscas -de quem tanto me lembrei ao ver o filme


Saída do cinema, de caramel ainda nos dedos, deixo apenas retinir a garrida simplicidade de um universo de mulheres. Porque a cumplicidade -sempre convocada- assim o exige: que quase tudo se diga em poucos dizeres.

terça-feira, março 18

CONVERSAS NO TANQUE ou... a caminho do Congresso Feminista 2008

No âmbito do Congresso Feminista 2008, o Chapitô e a UMAR estão a promover debates mensais temáticos designados

CONVERSAS NO TANQUE

A primeira destas conversas realiza-se

4ª feira – 19 de Março – 21h
com o tema

Mulheres e Artes
participação de

Eduarda Dionísio
Isabel Ruth
Sílvia Chicó
Sofia Areal
Moderação de Maria Antónia Fiadeiro


Iniciativas seguintes: 23 de Abril (Mulheres e Lideranças); 21 de Maio (Direitos Humanos e Igualdades); 18 de Junho (Feminismos e Controvérsias).

Quem canta consente (10) ou...



... mesmo que não se (con)sinta, que se cante!

quarta-feira, março 12

The Death of the Moth

"(...) while I was writing this review, I discovered that if I were going to review books I should need to do battle with a certain phantom. And the phantom was a woman, and when I came to know her better I called her after the heroine of a famous poem, The Angel in the House. It was she who used to come between me and my paper when I was writing reviews. It was she who bothered me and wasted my time and so tormented me that at last I killed her. (...) She was intensely sympathetic. She was immensely charming. She was utterly unselfish. She excelled in the difficult arts of family life. She sacrificed herself daily. If there was chicken, she took the leg; if there was a draught she sat in it—in short she was so constituted that she never had a mind or a wish of her own, but preferred to sympathize always with the minds and wishes of others. Above all—I need not say it—she was pure. (...)


And when I came to write I encountered her with the very first words. The shadow of her wings fell on my page; I heard the rustling of her skirts in the room. Directly, that is to say, I took my pen in my hand to review that novel by a famous man, she slipped behind me and whispered: “My dear, you are a young woman. You are writing about a book that has been written by a man. Be sympathetic; be tender; flatter; deceive; use all the arts and wiles of our sex. Never let anybody guess that you have a mind of your own. Above all, be pure.” And she made as if to guide my pen. (...) I turned upon her and caught her by the throat. I did my best to kill her. My excuse, if I were to be had up in a court of law, would be that I acted in self–defence. Had I not killed her she would have killed me. She would have plucked the heart out of my writing. For, as I found, directly I put pen to paper, you cannot review even a novel without having a mind of your own, without expressing what you think to be the truth about human relations, morality, sex. And all these questions, according to the Angel of the House, cannot be dealt with freely and openly by women; they must charm, they must conciliate, they must—to put it bluntly—tell lies if they are to succeed. Thus, whenever I felt the shadow of her wing or the radiance of her halo upon my page, I took up the inkpot and flung it at her. She died hard. Her fictitious nature was of great assistance to her. It is far harder to kill a phantom than a reality. She was always creeping back when I thought I had despatched her. (...) But it was a real experience; it was an experience that was bound to befall all women writers (...). Killing the Angel in the House was [is?] part of the occupation of a woman writer.

Virginia Woolf
"Professions for women", in Women and writing

Imagem: Shirin Neshat

terça-feira, março 11

Na ROTA DOS FEMINISMOS ou... a caminho do Congresso Feminista 2008

Diário de Bordo: 2º dia


O segundo dia da ROTA DOS FEMINISMOS arrancou do Porto em direcção a Vouzela. Aí, fomos recebidas pelo presidente da câmara municipal, e por Carmo Bica, da Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões, que nos falaram das especificidades das necessidades e problemas das mulheres do interior. Foi pena não termos estado junto a essas mulheres, mas o encontro valeu pelo estabelecimento de redes e pelas sinergias criadas e planeadas para projectos futuros.


O rossio, em Viseu, foi a paragem seguinte. Junto ao chafariz, o chamariz era outro: o megafone e as estátuas prontas a ser moldadas de acordo com “a mulher ideal”izada pelos e pelas curiosas que passavam.

“A mulher é o paraíso, se não for temperada pelo diabo”; “a mulher é ideal é boa mãe, boa esposa e boa avó”, “a mulher ideal é trabalhadora, honesta”. Uma outra mulher, de braço dado com o companheiro, ia dizendo que a mulher ideal era a que não dependia de um homem, olhada atentamente por um engraxador de sapatos que se apressou a acrescentar que “a mulher é que manda”.

......

Terminadas as esculturas e chegados os malabares, a rota continuou por outras ruas de Viseu, estacando à passagem de um grupo de mulheres de Gaia que havia deixado “os homens em casa” para “festejar o Dia da Mulher”. Várias vozes, a uma só, cantavam “abaixo o machismo”, “abaixo a homofobia”, “abaixo o racismo”, de corpo apressado a acompanhar a voz, compassado pelo êxtase das cumplicidades.

Depois do almoço, a rota percorreu o mercado de Viseu onde muitas histórias se ouviram e nos fizeram sentir que tínhamos de voltar.
Coimbra foi a paragem seguinte. A expectativa era muita, por se saber o empenho e energia mobilizadas para a passagem da Rota. Os “Rebimba o Malho” cadenciavam a marcha e as palavras de ordem “Feminismo para a frente, machismo para trás” e “deixa passar, sou feminista e o mundo vou mudar”.




...

A música, colocada em pausa por momentos, deu lugar a uma leitura fulgurante, por Helena Faria, de um texto de Maria Velho da Costa. A marcha ficou em suspenso. Silêncio era só o que se ouvia. Só quando a Helena disse “Então?! Festa!” é que a marcha reiniciou.

Foi também momento do lançamento, pela Marcha Mundial das Mulheres, da campanha “Nem mais uma” (mulher assassinada). O colorido dos cartazes foi sublinhado pelas braçadeiras negras, sendo feito o desafio de se usar essa braçadeira quando uma mulher for assassinada; como forma de denúncia.
...
Com o autocarro mais composto, pelas companheiras que se juntaram em Coimbra, a rota rumou ao Alentejo, parando em Santarém, onde um grupo de estudantes da ESES esperava, resistentemente, a chegada da rota. E lá fomos espalhar o feminismo pelas ruas, com direito a mais uma performance e a fotografia nas escadas da igreja, como se de um “casamento” se tratasse. “Com o feminismo!”, acrescentaram.

...

O jantar, em Évora, foi seguido por concerto na associação “Pé de Xumbo”. O cansaço rapidamente foi abafado pela música dos “Tanira” -que obrigava à dança. E era ver todo o grupo efervescente. No final, Maria José Magalhães, sobe ao palco para agradecer o acolhimento da rota e aplaudir o trabalho do grupo musical porque, sublinha, “a música é uma forma de libertação!”.



A noite termina em Beja, na Pousada da Juventude, onde a expectativa de visitar o monumento às mulheres alentejanas, inaugurado nesse dia, velou o sono.

sexta-feira, março 7

Na ROTA DOS FEMINISMOS ou... a caminho do Congresso Feminista 2008

Diário de Bordo: 1º dia

Saímos do porto às 7.45h com direito a Porto Canal. Pelo caminho, a Fina d'Armada ia contando histórias das mulheres das localidades por onde iamos passando. A Maria José Magalhães, de energia contagiante (como sempre, aliás) lá ia convocando as presentes à cabine de som (leia-se microfone) para se apresentarem: "As mulheres não têm de temer falar em público. Temos de tomar a palavra! Vamos lá!". A Manuela Tavares falou da Madalena Barbosa, da Maria Lamas e a sua viagem pelo país e tivemos direito a leitura de excertos d' "As mulheres do meu país", pela Artemisa Coimbra.


Chegadas a Melgaço, fomos recebidas pela vereadora da cultura Maria José Codesso e depois de uns minutos na câmara, seguimos para a feira. Pelo caminho, de panfletos, megafone e perguntas na mão, falamos com algumas mulheres.

A uma perguntei:
- Então já ouviu falar disto dos feminismos? Sabe o que é?
Respondeu que não, de olhar humilde, lenço negro na cabeça e o bigode sem timidez.
Perguntei-lhe se achava que mulheres e homens são tratados da mesma forma, ao que respondeu:
- Não, menina. As mulheres são mais maltratadas, não é?
- O feminismo é lutar para que isso mude; para que mulheres não sejam maltratadas, como diz; é, muito simplesmente, para que mulheres e homens possam ter os mesmos direitos.
- Ah... é isso o feminismo?! Então sou feminista!
Ganhei o dia logo ali! Mas a rota seguiu.



Na feira fizemos uma performance: sendo nós barro (estátuas no meio da praça), a Maria José Magalhães ia pedindo às pessoas em volta que dissessem como era a mulher ideal.
- É trabalhadeira! - dizia uma mulher que passava. E logo uma de nós, esculpida pela Deidré Matthee, assumia a postura de uma mulher a trabalhar. (as fotos vêm mais tarde, que as mãos eram de barro e não podiam segurar a câmara).
- É uma mulher dos calendários! - e lá ia a escultora trabalhar o barro.
- É a que faz tudo o que homem quiser

- A mulher ideal? A mulher ideal sou eu!

E as esculturas continuaram, comandadas pelo megafone.

Seguimos viagem. Viana do Castelo foi a paragem seguinte.
E aí ouvimos coisas como "a mulher ideal é forte.", "é o mundo", "é solidária e companheira", "é pensadora"... e muitos outros "é's".







Já em Braga, o almoço foi na Universidade, seguido de uma tertúlia na "Velha-a-Branca", organizada pelo núcleo de Braga da comissão promotora do Congresso Feminista 2008: Anabela Santos, Catarina Dias, Sylvie Oliveira.

E procuraram-se as Simone de Beauvoir, com a companhia de Maria Helena Alvim, Maria José Magalhães, Zara Pinto Coelho e uma sala cheia.




Antes da retomada ao Porto, uma paragem em Famalicão. Muitos e muitas estudantes a responderem a'"o que é o feminismo?". No meio de tantas mulheres e homens interessandos/as e a dizerem-se feministas, um "feminismo é o contrário de machismo, não é?", passou quase despercebido, não fosse uma ideia recorrente.























O ciclo fecha-se no Porto, com o Diário de Bordo deste primeiro dia. As organizadoras: Vânia Martins, Ilda Afonso e Artemisa Coimbra projectaram as fotos (algumas delas aqui), fizeram o balanço (saldo -muito- positivo!) e para muito mais não deu que o dia ia longo e o jantar esperava.
Amanhã, às 7h00 a rota retoma, desta feita em direcção ao Alentejo: Vouzela, Viseu, Coimbra... mais performances, lançamento da acção "Nem mais uma!" (mulher assassinada), pela Marcha Mundial das Mulheres, baile na associação "Pé de Xumbo" e dormida nas camaratas da Pousada da Juventude de Évora.
Mas mais haverá.


(Também) porque é Dia Internacional da Mulher,

vamos espalhar os feminismos!

segunda-feira, março 3

Gabriela Llansol 1931-2008

Uma belíssima homenagem da UMAR, num texto escrito por Maria José Magalhães e Albertina Pena, pode ser lida aqui.


No adeus, uso as suas palavras, na dedicatória daquele que seria o primeiro livro de Llansol que eu leria:

Um abraço apertado a uma desconhecida