sábado, dezembro 15

Homens recusam admitir que menores salários se devam a preconceitos

Um quarto das mulheres portuguesas diz-se discriminada em matéria salarial. A conclusão faz parte de um inquérito baseado numa amostra de 1020 entrevistas, coordenado por Glória Rebelo, do centro de estudo Dinamia, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), encomendado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Segundo os números apresentados (...) 24,1% das mulheres sentem-se discriminadas nos salários. Do lado dos homens, apenas 8,3% se queixam de ser prejudicados neste domínio.

Um dos aspectos mais curiosos do estudo prende-se com a forma como mulheres e homens justificam a discriminação salarial daquelas. É ponto assente que elas ganham menos e têm menos peso nas posições de chefia - "58% dos inquiridos reconhecem que os cargos directivos são sobretudo ocupados por homens". Porém, enquanto a maioria das mulheres atribui o facto aos "estereótipos associados às mulheres", os homens encontram explicações nas "insuficiências de qualificação",

[quantas mulheres há mesmo com o (e no) ensino superior?]

"menor capacidade para o trabalho" ou ainda "menor disponibilidade das mulheres para o trabalho".

[Quantas mulheres há mesmo que trabalham, em média, mais duas horas diárias do que os seus companheiros?]

Enquanto 69,4% das mulheres atribuem a dificuldade no acesso ao emprego a "resistências relacionadas com estereótipos de género", esta percentagem desce para zero entre os homens.

"A reacção dos homens só confirma que existe estereotipia, que se caracteriza precisamente pela falta de consciência das discriminações", disse ao DN Glória Rebelo.
(...)

Manuel Esteves

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