sexta-feira, setembro 21

Homens participam pouco na vida doméstica


Catarina Lúcia Carvalho, SIC


No telejornal, ainda se destaca uma entrevista de rua em que uma mulher diz que há tarefas que ela não quer que o seu companheiro faça. E a conclusão apresentada é, naturalmente, que a falta de divisão de tarefas se deve ao facto (não exclusivo, obviamente) de as mulheres não o quererem. As mulheres, ao que parece, são uma pessoa na rua. Mas mesmo assim, alguém diz, por favor, ao jornalista que elas ouvem as mesmas músicas sexistas? Que vêm as mesmas novelas estereotipadas? Que lêem as mesmas histórias que remetem a mulher para um papel passivo? Que têm quase unicamente modelos de papéis de género tradicionais? Parece que nunca se lembram que também as mulheres são educadas e aculturadas numa sociedade patriarcal...

4 comentários:

lr disse...

cara cuscavél:
os jornalistas são também membros dessa sociedade. mesmo quando são mulheres. e há uma 'norma', um 'padrão' trágico de ignorância que levará o seu tempo a alterar. depois, há as contingências do meio - às vezes são apenas uma boa desculpa para um trabalho de reportagem mal feito...
(receio que este comentário se alongue, mas tem paciência sff)
a violência específica sobre as mulheres é um assunto grave. mas há também a violência gravíssima que as mulheres exercem sobre si próprias, a pretexto de uma atracção que querem exercer sobre outros (ex: o namorado, o amante...) e só se traduzem em humilhação, um grau zero de dignidade, a sujeição a imagens estereotipadas mesmo se racionalmente as desmontam e contradizem. essa violência é, parece-me, completamente suicidária e trágica do ponto de vista da civilização, feita de uma enome falta de respeito por nós próprias. e olha que há cenas que ulrapassam qualquer ficção. talvez seja tempo de também começarmos a falar disso. da nossa rebaixa de auto-estima, coisa que objectivamente todas e qualquer uma podemos mudar. a violência sexista e doméstica, essa, já é um assunto público, e também tem lugar a julgamento público. mas, e a outra?
resta-me agradecer o teres dado a conhecer o blog da sofia (ficarei atenta), onde há uma frase de paulo freire (há tantos anos que não ouvia citar a 'pedagogia do oprimido'!) que resume bem a única postura digna:"A liberdade é uma conquista, não uma doação".
(e prontoS, de uma vez comento os teus dois posts. manda mais!:-)

rps disse...

Dasse! Eu farto-me de limpar e arrumar!

cuscavel disse...

Lr, totalmente de acordo com o teu comentário. Gosto muito mais da acção "dentro para fora", mas não anula a importância e urgência de uma luta de "fora para dentro". A primeira é mais responsabilizante: "o pessoal é político"; diz-nos que aquilo que fazemos no dia-a-dia é determinante para o que o dia-a-dia poderá fazer de nós. Mas é exigido um esforço conjunto, porque interdependente. Mas sim, é verdade que a a auto-violência é, publicamente (pelo menos de uma forma deliberada) menos falada. E o esforço deverá, também, ser no sentido de a "trazer ao julgamento público".

E agora digo eu: manda mais comentários! :)

Alien David Sousa disse...

"As mulheres, ao que parece, são uma pessoa na rua. "


As coisas estão a mudar. Se olharmos para os casais mais jovens as tarefas são divididas.Agora é óbvio que temos uma população envelhecida assim se eles decidem:bora lá fazer um estudo, claro que os numeros são o que são. Mas se decidirem fazer um estudo mais sério para verem como se encontram as coisas HOJE em dia, então tem de apontar as armas para os casais mais jovens e verão que as tarefas são SIM divididas.Felizmente.

beijinhos