Courrier Blogosférico
o mundo está' globalizado', não está? a suazilândia é um dos países deste mundo. fica em áfrica, continente com o qual a europa vai fazer uma cimeira, não é?lá, na suazilândia, o rei pode escolher uma mulher que veja na rua e torna-la sua concubina, sem lhe perguntar o que ela quer, nem sequer consultar a família da rapariga!o rei tem o direito (?!) a selecionar uma virgem entre milhares que anualmente participam na dança das virgens (!!!). escolhida uma, há que emprenha-la; se não o conseguir, será repudiada; se engravidar tem probabilidade de ir juntar-se ao harém de esposas do monarca, onde tudo se legitima pela poligamia.estamos em 2007, século XXI?
6 comentários:
Obviamente que, para nós, isso é chocante. Mas podemos (devemos) impor os nossos padrões culturais a outros povos?...
Se honesta, essa é uma questão muito pertinente, rps. Para mim, no entanto, só há uma resposta possível: a do direito à dignidade humana não depender da cultura.
antes dos padrões culturais, há os pressupostos da civilização Vs barbárie, e estes exigem o respeito pelo ser humano.a honraria de um rei - ou de quem quer que seja - não pode ultrapassar a dignidade de outrém, mulher ou homem. alguém pergunta às 'virgens' se gostam de ser violadas? ou às excisadas se estão interessadas na mutilação genital? ou às afegãs se apreciam ser obrigadas a usar a burca?
caro rps: experimente colocar-se sempre no lugar do outro/a, quando esse outro/não tem direito a nada! anote como se sentiria assim. para começar, é um bom exercício para medir os limites da sua própria liberdade.
Eu acho chocante o relato que é aqui feito. Seria inadmissível se acontecesse entre nós.
Coloco a questão de modo honesto porque a questão é difícil.
Confesso-me um tipo bastante etnocêntrico e pouco disponível para "beber o exótico".
Reajo, até, algo epidermicamente a sons, cheiros, paladares, comportamentos, atitudes e outras manifestações culturalmente muito diferentes dos meus padrões. Se for defeito, é...
Penso, muitas vezes, que esses que posso estar a observar de modo estranho estranharão, também, por exemplo, que eu entre num sítio que tem uma cruz e umas imagens e me benza. Ou que as mulheres ocidentais andem, no olhar desses, quase nuas.
Aí penso que nenhuma das partes tem o direito de condenar a outra.
A minha reacção natural é insultar esse "soba" da Suazilândia, recorrendo, até, à fórmula do "Gajo de Alfama", dos Gato Fedorento: "Reis da Suazilândia é outros - é uma raça que é toda para ir à vida".
A questão é que "toda a gente" achará o desabafo natural. Como achará natural que condene, por exemplo, a excisão feminina.
Agora, se eu fizer graçolas e tiver desabafos sobre as vestes de um povo diferente, ou as músicas, ou as rezas, a mesma "toda a gente" condenar-me-á.
Isto é revelador de que estamos a tentar impor a terceiros os nossos padrões: condenamos "x" e aceitamos "y". Ora, entrando por aí, cada um define arbitraraiamente as fronteiras do que é e não é chocante ou inaceitável.
O terreno torna-se muito pantanoso...
rps, compreendo a questão, mas parece-me simples: como comparar vestuário e músicas e comidas com uma violação destas?
"como comparar vestuário e músicas e comidas com uma violação destas?"
De facto, de acordo com os nossos valores, como comparar?
Mas os deles são outros... São inferiores aos nossos?... Para nós, são... Para eles, nós é que estamos errados.
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