sábado, junho 30

Era uma vez...

...um Reino chamado Bué Bué Longe, onde vivia Fiona, a Branca de Neve, a Bela Adormecida, a Cinderela, sua irmã (transsexual?) e outras afamadas personagens dos contos de fadas. Um dia, enquanto bebiam chá e partilhavam as agruras da vida de princesa (ou fada – do lar), foram capturadas e encarceradas por um senhor muito mau que queria ser rei de Bué Bué Longe. Apesar de desconfortável, aquela não era situação que lhes fosse assustadora; sabiam que - a história e as estórias sempre lho disseram - algures, os seus príncipes galopavam para o final feliz. Mas Fiona – uma Ogre (só podia ser uma gaja verde) – não queria ser apenas uma boazona, meiga e passiva à espera da salvação. Sem precisar chorar nem mostrar as mamas – parece que há gajas que sabem, imagine-se, argumentar - Fiona convence as princesas a lutarem pela sua liberdade (libertação?). A partir daí, é vê-las a camuflarem-se, a rasgar os vestidos e a deixarem a nu as suas tatuagens. Pelo meio (abençoado cliché), há um soutien queimado. E lá vão elas – escapando ao Mulheres Contra Mulheres – derrubar muros, espancar soldados e chegar a tempo de salvar o Shrek. Tudo isto com Led Zeppelin – qual Zeca Afonso – dando som aos dias-já-não-mais-silenciosos.

E eis que chega o fim. Do que se espera um início. É que, como diz Sérgio Godinho, é de pequenino que se torce o destino.

quarta-feira, junho 27

Moto 3?!

Gaja que se preze usa "sapato" alto e côr-de-rosa?!

sábado, junho 23

Os homens preferem...

A nova campanha publicitária da "Fit Light Yogurt" usa imagens (bem conhecidas) de mulheres famosas em poses sexys (Marilyn Monroe de vestido branco, Mena Suvari nua coberta de pétalas de rosas, no American Beauty, Sharon Stone no Instinto Fatal), e substitui-as por mulheres mais gordas. Com a imagem, temos a headline: "Esqueça. As preferências dos homens nunca vão mudar. Fit Light Yogurt".


A mensagem é, aparentemente, de que os homens sempre preferiram e sempre preferirão mulheres magras. Supostamente, as mulheres do anúncio deveriam servir como contraste ao que os homens realmente querem - uma vez que não são magras. Parece que as imagens deveriam ser repelentes e fazer-nos correr comprar o yogurte light...

É de mim ou falharam redondamente o alvo?

sexta-feira, junho 22

My Girl

You gaze at her from across the room and think how beautiful she is. You are sure there is no-one else like her. The thought of seeing her makes you joyful with expectation. You find yourself thinking of her often and what she said or did is also often the subject of your conversations with others. You would like to introduce her to your family. You can’t believe how lucky you are to have met her. You want to share your life with her; for the two of you to grow old together. And what is more, she is one of the best friends you’ve ever had.

In fact, you are friends. Just friends. And you are two women.


Pablo Picasso, Two Women Running on the Beach


Having recently discovered the word, “bromance”, defined in the latest edition of the Collins English Dictionary as “a close but nonsexual relationship between two men” (i.e. bro[ther] + romance), I wondered about a similar term for women – and so: womance! Certainly, the feelings I have for my “girl-friends” sometimes border on infatuation; and there is an intimacy between us that can be incredibly tender and intense (without being about sex/sexual orientation) – very, very womantic…


So, if you’re in the mood for spraying on your favourite perfume, putting on your little black dress, and having a candle-lit dinner over a glass of champagne, get together with your girlfriend(s) and celebrate your true womance!

Tesourinhos nada deprimentes

Minhas queridas cuscas, vejam só as relíquias que encontrei pela net...

São obras-chave da/na história dos feminismos à distância de um clique. Só!

Memórias da Trangressão - Gloria Steinam






Pronto, pronto... já chega de agradecimentos.

Quem canta consente (6)

Meredith Brooks

Bitch

I hate the world today
You're so good to me
I know but I can't change
Tried to tell you
But you look at me like maybe
I'm an angel underneath
Innocent and sweet
Yesterday I cried
Must have been relieved to see
The softer side
I can understand how you'd be so confused
I don't envy you
I'm a little bit of everything
All rolled into one
Chorus:
I'm a bitch, I'm a lover
I'm a child, I'm a mother
I'm a sinner, I'm a saint
I do not feel ashamed
I'm your hell, I'm your dream
I'm nothing in between
You know you wouldn't want it any other way

So take me as I am
This may mean
You'll have to be a stronger man
Rest assured that
When I start to make you nervous
And I'm going to extremes
Tomorrow I will change
And today won't mean a thing

Chorus

Just when you think, you got me figured out
The season's already changing
I think it's cool, you do what you do
And don't try to save me

Chorus

I'm a bitch, I'm a tease
I'm a goddess on my knees
When you hurt, when you suffer
I'm your angel undercover
I've been numb, I'm revived
Can't say I'm not alive
You know I wouldn't want it any other way

Balanço do trabalho da UMAR contra a Violência de Género

Violência doméstica aumentou

O aumento, em 50%, do número de queixas de violência doméstica, no Grande Porto, mostra que os contos de fadas não passam efabulações de uma realidade improvável. (...)

A União de Mulheres, Alternativa e Resposta recebeu 134 novos casos de violência doméstica, em 2006 (...)

Segundo os dados da UMAR, a violência afecta mais as mulheres com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos, apesar dos três casos registados entre jovens estudantes. Ao todo, 62% das vítimas são casadas, com filhos, normalmente mais de dois. O fim do casamento não significa o fim da violência 13% das queixas provêm de mulheres divorciadas e 2% de separadas. O fenómeno continua mais localizado entre pessoas com menor formação, apesar de haver 6% de queixosas licenciadas. A nível profissional, há 32% de desempregadas, 10% de reformadas e 6% de domésticas. A violência sexual começa a sobressair entre as denúncias recebidas na UMAR. "Em 2004, era praticamente residual. No ano passado, aumentou bastante", disse Maria José Magalhães.

(...)

A violência das sms
Um grande amor resulta, muitas vezes, em grande dor, física e psicológica. "Muitas raparigas acham normal que o namorado veja as sms e controle o telemóvel", adverte Ana Paula Canotilho, da Direcção da UMAR. "Não se dão conta de que estão a ser vítimas de violência". Pode ser o início de um ciclo de abusos, que em média dura 12 a 15 anos, que se vai intensificando ao logo dos tempos; de sova ou humilhação ocasional, à porrada diária. "Os alunos com quem trabalhamos têm menos apetência para a violência", disse Ana Paula Canotilho, no resumo dos três anos de um programa de prevenção, iniciado em 2004, em três escolas do Grande Porto Aldoar, Secundária de Valongo e Baguim do Monte. O projecto armou-se com a música e a dança no "combate aos mitos e aos estereótipos de género". Nos jardins-de-infância organizaram sessões de desconstrução dos contos infantis, contando a história ao contrário. "Percebemos que já têm a noção do que se passa em casa deles". Havendo verba, o projecto será alargado a mais escolas, idealmente, do infantário ao 12º ano.


Para ultrapassar a falta de verbas, vai ser realizado um leilão de arte, com obras de artistas conhecidos, intitulado “UMAR-TE assim perdidamente”. De acordo com a responsável, “para um evento de angariação de fundos, este nome diz um pouco sobre esta problemática de um amor que, no final, por paixão e por ciúme faz aceitar tudo”. O vento realizar-se-á no dia 6 de Julho, na Junta de freguesia de Aldoar.

Eis-nos

Eis-nos de luta
expostas
sem vencer os dias

as verilhas
certas
no passo retomado

o rever das casas e das causas
o revolver das coisas
que dormiam

Diária é a escolha
o movimento insano
o sossego manso e mais pesado
daquilo que desperta e não quebramos

daquilo que rasgamos
e dobramos
carta por carta em seu perfil exacto

Fêmeas somos
fiéis à nossa imagem
oposição sedenta que vestimos
mulheres pois sem procurar vantagem
mas certas bem dos homens que cobrimos

E jamais caça
seremos

ou objecto
dado

nem voluntário odor
de bosque seco

vidro dizemos
pedra
caminhada

em se chegar a nós
de barca
ou vento

Remota viração que se reparte
esta que usamos em cumprir
sustento

de pressuposta amarra
em que ficamos

apartadas dos outros
e tão perto

Maria Isabel Barreno
Maria Teresa Horta
Maria Velho da Costa
in Novas Cartas Portuguesas


quinta-feira, junho 21

Hoje Recebi Flores!

Hoje Recebi Flores!

"Não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial;
tivemos a nossa primeira discussão ontem à noite e ele disse-me muitas coisas cruéis que me ofenderam de verdade.
Mas sei que está arrependido e não as disse a sério, porque ele me enviou flores hoje.
Não é o nosso aniversário ou nenhum outro dia especial.

Ontem ele atirou-me contra a parede e começou a asfixiar-me. Parecia um pesadelo, mas dos pesadelos acordamos e sabemos que não é real.
Hoje acordei cheia de dores e com golpes em todos lados.
Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje.
E não é São Valentim ou nenhum outro dia especial.

Ontem à noite bateu-me e ameaçou matar-me.
Nem a maquiagem ou as mangas compridas poderiam ocultar os cortes e golpes que me causou desta vez. Não pude ir ao emprego hoje porque não queria que se apercebessem.
Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje.
E não era dia da mãe ou nenhum outro dia.

Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior. Se conseguir deixá-lo, o que é vou fazer? Como poderia eu, sozinha, manter os meus filhos? O que acontecerá se faltar o dinheiro?
Tenho tanto medo dele!
Mas dependo tanto dele que tenho medo de o deixar.
Mas eu sei que está arrependido, porque ele me enviou flores hoje.

Hoje é um dia muito especial: É o dia do meu funeral.

Ontem finalmente conseguiu matar-me.
Bateu-me até eu morrer.
Se ao menos tivesse tido a coragem e a força para o deixar... Se tivesse pedido ajuda profissional...

Hoje não teria recebido flores!


Morrem 5 Mulheres por mês em Portugal vítimas de maus tratos!
Mulheres lembrem-se, é vital ultrapassar o sentimento de culpa e DENUNCIAR."

A.D.

quarta-feira, junho 20

Manuela e a superfície escondida

Manuela, quando tinha treze anos e lhe cresceram as mamas, se lhe arredondaram as ancas e começou a sangrar “lá em baixo” uma vez por mês, assustou-se. (…) Tudo aquilo lhe tinha sido já apresentado como misterioso, esquisito – coisas que simultaneamente caracterizavam as mulheres como específicas face aos homens, normais, e que ao mesmo tornavam as mulheres objecto de excessiva atenção. Já intuía que iria ser sobredefinida por essas características – objecto de espanto e escrutínio, o corpo feminino era também objecto de desejo e predação. Aliás, já o era, desde que nascera: sobredefinida como do sexo feminino, antes mesmo de ser Manuela ou outra coisa qualquer. Prestava muita atenção aos seus irmãos e primos machos e achava que eles não tinham preocupações, e que ninguém se preocupava muito com eles. (…) quando faziam asneiras até lhes achavam piada, diziam asneiras sem serem reprimidos, (…) e ainda tinham liberdade para falar das raparigas como se fossem uma espécie de manada disponível para a sua caça.

Um dia sem exemplo, os pais deixaram-na sozinha em casa, mas com a incumbência de ir ao supermercado fazer umas compras. Dirigiu-se ao roupeiro do quarto dos irmãos. Por cima das calças que trazia vestidas, vestiu uma grande camisola e, por cima desta, colocou um blusão. Mas se viam as mamas. Como tinha o cabelo um pouco comprido, enrolou-o e colocou um gorro por cima. (…) Calçou uns ténis. Planeou engrossar um pouco a voz. Controlou a ondulação das ancas, enfiou as mãos nos bolsos. Saiu à rua e foi ao supermercado. Pela primeira vez em semanas, nenhum operário do prédio em construção à frente da sua casa lhe dirigiu um piropo.


Anos depois, Manuela ri-se a contar esta história. Terminou um curso universitário e tem um emprego decente. (…) Ela não quer falar de um conjunto de coisas que a deprimem: de como no emprego não consegue subir na hierarquia porque tem que conciliá-lo com a vida doméstica; de como não percebe porque tem que conciliá-lo mais com a vida doméstica do que P.(…) Não é dessas coisas que ela quer falar. Quer falar, isso sim, de como continua a achar o seu corpo uma coisa estranha. (…) O que quer dizer é que passou a vida a ouvir dizerem-lhe que o seu corpo é algo de “estranho”. O seu corpo mesmo e o seu corpo como representação. Teve sempre a sensação de que, quer fosse a mãe, quer fosse os livros que lia, quer os médicos onde ia, quer ainda as revistas femininas, a publicidade, etc., o seu corpo precisava de infinitos cuidados, especialistas, explicações, especulações: da menstruação ao útero, (…) do champô aos pensos higiénicos, da forma de cruzar as pernas à roupa, das horas de saída aos sítios da cidades, tudo, mas tudo parecia dizer ao mesmo tempo que ela era frágil e hiper-desejada – portanto, uma presa, como nos documentários da vida animal.

Tudo parecia dizer que ela era, antes de tudo o mais e mais que tudo - corpo. ao mesmo tempo tudo parecia dizer que ela era menos: menos inteligente, menos forte, menos capaz de. Estúpida, portanto inferior. Emotiva, portanto inferior. (…) Também lhe diziam, de uma forma ou outra, que era perigosa, tentadora, que tinha poderes ocultos, que era a perdição de toda a gente e mais alguma. (…) E sempre a precisar de ser explicada – por quem? Pelos homens, claro (…).

Aos poucos foi pensando sobre o assunto. Não demorou muito a perceber que até há pouco tempo havia profissões que lhes estavam vedadas. Que não teria podido votar ou ter propriedade. Que anos atrás o marido teria uma autoridade total sobre ela. E isto tudo porquê? (…) talvez por outros indícios da superfície do seu corpo, mais localizados e escondidos: (…) Na sua vagina (…) a metáfora do seu “mistério”. Para lá dela (…) o útero (…) onde podem crescer bebés – os bebés que lhe disseram ser seu destino natural desejar e ter; os bebés que até há bem pouco tempo eram do homem que fertilizasse os ovos no seu interior.


Miguel Vale de Almeida
“O Manifesto do Corpo”
In Revista Manifesto, n.º 5

imagem: Marina Abramovic

terça-feira, junho 19

I object/ Eu objecto!

Este é um excerto de um texto escrito por Sandra Bartky seguido da minha leitura e reescrita alternativa do mesmo.

It is a fine spring day, and with an utter lack of self-consciousness, I am bouncing down the street. Suddenly I hear men's voices. Catcalls and whistles fill the air. These noises are clearly sexual in intent and they are meant for me; they come from across the street. I freeze. My face flushes and my motions become stiff and self-conscious. The body which only a moment before I inhabited with such ease now floods my consciousness. I have been made into an object. While it is true that for these men I am nothing but, let us say, a "nice piece of ass", there is more involved in this encounter than their mere fragmented perception of me. They could, after all, have enjoyed me in silence. Blissfully unaware, breasts bouncing, eyes on the birds in the trees, I could have passed by without having been turned to stone. But I must be made to know that I am a "nice piece of ass": I must be made to see myself as they see me. There is an element of compulsion in this encounter, in this being-made-to-be-aware of one's own flesh; like being made to apologize, it is humiliating.
- S. Bartky (1990), "On Psychological Oppression"

A minha versão:

so, i turn around, and smiling sweetly, start stripping for them. my movements are clumsy, mechanical: this is not seduction after all. first i take off my floral-print dress, then i kick off my sandals; next i wiggle out of my panties (more catcalls, whistling, panting), i take off my breasts one by one (the crowd goes mad) and with a little twirl and a shy glance over my shoulder, i drop my nice piece of ass. then i walk away with what is left of me; i walk on without turning back.

e/ou:

so, i turn around, stone-faced, take out my gun and shoot the f***kers - "a girl needs a gun these days on account of those rattlesnakes"... but what to do with the bodies: this is not trophy hunting after all. as i take a few steps back, still clutching my gun, i notice that one of them is moving. "nice piece..." he croaks. but i walk away with the dead quiet (breasts bouncing, eyes on the birds in the trees); i walk on without turning back.

Convidam-se outros/as a escreverem mais alternativas!

A Magnífica?

O feminismo é coisa que se pensa desactualizada até ao momento em que nos imaginamos ser homem/mulher por um dia.

Geraldine - a do vídeo - não imaginou. Viveu-o. É só descobrir as diferenças...

sábado, junho 16

Arte feita pelas mulheres (6)

Anne Taintor

O trabalho desta artista consiste em recolher imagens de revistas dos anos 20, 30, 40, 50 e 60 e subvertê-las, dando-lhes a "sensibilidade" dos anos 90. As imagens aqui apresentadas são ímans, mas existem (n)outros materiais tais como malas, convites, blocos de notas, etc.


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Acho genial a apropriação do quotidiano e a sua subversão, como forma de espicaçar consciências.
... a ironia é uma arma poderosa. Digo eu!

sexta-feira, junho 15




O Mundo seria um lugar tão melhor...LOL!!!

quinta-feira, junho 14

O magníficO?!

A verdadeira história do "Por trás (detrás?) de um grande homem está sempre uma grande mulher".

Conferência: Criação e Mulheres

Dia 15 de Junho
17h00

Universidade Aberta
Auditório III – R/c
Rua da Escola Politécnica, 147 1269-001 Lisboa

Organização:
Mestrado em Estudos sobre as Mulheres

  • "UNA MUJER ES UNA MUJER ES UNA MUJER...."
    Eva Löfquist
    Universidade de Växjö
  • "A HISTÓRIA LITERÁRIA REVISITADA: AUTORAS DA PRIMEIRA REPÚBLICA, EXCLUSÃO E CÂNONE"
    Chatarina Edfeldt
    Universidade de Estocolmo
  • "MUJER Y ESCRITURA EN EL PERÍODO COLONIAL AMERICANO"
    María Osório
    Universidade de Estocolmo

quarta-feira, junho 13

Quem canta consente (5)

Cansei de Ser Sexy
"Alala"

(...)
A la la, a la la
I'm so worried
I bought that posh clothing
But it still looks ugly
A la la, a la la
Am I stupid?
I'm doing the talking
But I don't get nothing
A la la, a la la
Alguém me avisa
Quando é bom parar
De fazer a íntima
A la la, a la la
You're so cool
Can I be your friend?
I'll drive it till the end

'Cause you know but you don't wanna
'Cause you want but you can't have it
'Cause you know but you don't wanna
'Cause you want but you can't have it
(...)

III Plano Nacional para a Igualdade - Género e Cidadania

Enquadramento
(...) A subalternização das mulheres em muitas esferas da sociedade continua a impedir que a Igualdade consagrada na lei tenha os necessários reflexos na prática.

Dados estatísticos recentes demonstraram a persistência de uma fraca representação feminina na tomada de decisão, bem como a intensificação de evidências de maus-tratos contra as mulheres, a sua maior vulnerabilidade à pobreza e exclusão social, a sua precariedade laboral e uma afectação não equitativa das responsabilidades familiares e domésticas. Este diagnóstico reforça a necessidade de uma intervenção estruturada em várias frentes e serve como “pano de fundo” à elaboração deste Plano.

Também os estereótipos de género continuam a ser determinantes na construção das desigualdades entre mulheres e homens, afectando todas as esferas da vida social, política, económica e cultural, condicionando os nossos valores, linguagem, expectativas, comportamentos e opções. Urge, assim, desenvolver um esforço concertado de combate aos estereótipos de género em todas as áreas e, em particular, na educação e formação, na saúde, no mercado de trabalho, no desporto e na cultura, na comunicação social, bem como em todos os domínios da vida política e pública estruturantes de uma cidadania activa e responsável.

  • Ver o Plano Nacional para a Igualdade aqui

  • De destacar a elaboração do Primeiro Plano Nacional contra o Tráfico de Seres Humanos - pode ser consultado aqui.

  • III Plano contra a Violência Doméstica - referido neste post - pode ser visto, na íntegra, aqui.

terça-feira, junho 12

Mulher Dobrada

A mulher
que não canta
entretanto
cantá-la-emos

A sua mesa
quando utiliza
a fome
em forma de utensílio
ou de produto
sobre o tampo

À falta de uso
a voz
como o palato
alastra

Só uma mulher
a que cantamos
soa


Cantemos
por a tolher
o pranto
dobrada
sobre o tampo
que a magoa.

Fiama Hasse Pais Brandão
in Nome Lírico



segunda-feira, junho 11

Para ver. Em todos os sentidos.

“tomada de consciência individual ou colectiva da opressão específica das mulheres, acompanhada da vontade de instaurar a igualdade dos sexos em determinados ou em todos os domínios, a médio ou a longo prazo”
Florence Rochefort, Laurence Klejman

Este fim-de-semana, discutia-se acesamente o rótulo – feminista; que designar-se assim era dizer-se que se concordava com toda a tradição feminista. Confesso que foi um “coming out” tortuoso, o meu – ah! até aceitar que dissessem ou dizer eu que era feminista… a certa altura, percebi que o meu receio era mais cobardia e “cuspir no prato que se come”.

Cobardia porque é muito mais confortável ser-se feminista e não usar o “rótulo” (não temos de nos ver associadas aos estereótipos comuns – só ficamos com a parte “boa”). Por outro lado – o com mais peso – sentia que ao mostrar algum tipo de desconforto com o “engavetamento” – apesar de já lá estar - era dizer a todas as mulheres que lutaram (e lutam) pelo que hoje temos que estamos muito agradecidas e tal mas que não somos como elas, nem queremos ser. É óbvio que não concordo com todos os feminismos, não assinaria o manifesto SCUM, por exemplo, nem defenderia uma igualdade pela aproximação ao comportamento masculino. A questão é que essas “correntes” não deixam de encaixar na definição ali em cima. Fazem-no pela consciência de opressão e pela vontade de a anular.

Compreendo os receios, acabei de confessar os meus, e por isso devia ser mais tolerante, mas a verdade é que sinto o “defendo a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, luto por isso no meu dia a dia, mas não; não sou feminista” como uma facada.

Ao ver o filme Votes for Women que é excelente retrato das (diferentes, mas imprescindíveis, posições de associações) sufragistas americanas e o longo percurso até conseguirem o voto no feminino, tive a perfeita noção do quão ingrata estava a ser – e todas as pessoas que são feministas mas não o assumem.

É que é diferente ler-se a história escrita - os percursos racionalizados em frases – e ver o pormenor; as dificuldades SENTIDAS (não só contadas com o distanciamento que sempre se tem). É diferente contarem-nos que muitas sufragistas foram presas, durante as suas lutas, e VER (ainda que em filme) como eram tratadas na prisão; como eram espancadas, torturadas, manipuladas, etiquetadas como mentalmente insanas (“a coragem num homem é loucura nas mulheres”) - tudo pelo direito das mulheres votarem.

E fiquei com vontade de dizer a todas/todos os que defendem o feminismo mas recusam o rótulo, para verem o filme. Para verem o injusto que é essa posição fraca – e no filme vê-se bem isso na personagem Emily Leighton (“pessoas assim são piores que os anti-sufragistas”, dizia-lhe Alice Paul).

E serve também, para mim, para quem passa a vida a tentar desvalorizar todo o feminismo. Se hoje não vêm a necessidade de o “adoptar” – isso daria muitos outros posts – pelo menos, que se faça a devida vénia ao que foi. E se acabe com a cegueira, pelo menos quanto ao passado.

Votes for women

Realizadora: Katja von Garnier

Partes do filme podem ser vistas aqui

quarta-feira, junho 6

Também temos direito...

... às nossas 2 linhas de fama. Digam lá se esta obra de arte - minha e da cuscous - não justifica um post onanista.

ps - cuidado para não escorregar nas - babadíssimas- teclas.

Cuscamos por lá? #2

FORMAÇÃO: PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA DE GÉNERO NA ESCOLA E NA FAMÍLIA
16 e 17 de Junho 2007
Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto

Programa
Ficha de Inscrição

segunda-feira, junho 4

Festival Voz de Mulher regressa ao Aveirense

O Teatro Aveirense volta a acolher, de 5 a 8 de Julho, mais uma edição do Festival Voz de Mulher, uma co-produção entre o teatro e o grupo Segue-me à Capela. Um festival que tem como objectivo principal promover o papel da mulher na música, centrado na voz, e que este ano conta com a participação de grandes nomes, tais como a espanhola Fátima Miranda, a italiana Amélia Cuni e as filandesas Anna Kaisa Liedes e Kristiina Ilmonen. As vozes portuguesas serão representadas pelos grupos Segue-me à Capela e Mulheres do Minho.

Este ano, e graças aos apoios que a organização conseguiu, o festival terá quatro dias (no ano passado teve apenas dois) que se dividem entre workshops, colóquios e os espectáculos ao vivo.

Do programa destaca-se o espectáculo de Fátima Miranda (dia 5 de Julho). A cantora espanhola irá também dar um colóquio, no dia 7 de Julho, intitulado "Yo me las compongo-vocalista o boca lista?".

Amélia Cuni irá ser responsável por um workshop, no dia 6 de Julho, onde o canto indiano estará em evidência. No dia seguinte, dará um concerto com o marido no Duo Cuni Durand .No mesmo dia, 7 de Julho, actuam também Anna Kaisa Liedes e Kristiina Ilmonen. No dia seguinte, as duas cantoras filandesas promovem um workshop de canto tradicional finlandês e de improvisação vocal.

Quanto às artistas portuguesas, o grupo Segue-me à Capela ficará responsável, no dia 7 de Julho, pelo workshop de canto tradicional português. As Mulheres do Minho encerram o ciclo de concertos, com um espectáculo, também no dia 7.

Arte feita pelas mulheres (5)

Tamara de Lempicka
n. em 1898 na Polónia; m. 1980

Les deux amies, 1923
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Auto-Portrait
(Tamara in the Green Bugatti), 1925
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Printemps, 1927
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Tunique Rose, 1927
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The Girls, 1927
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Young Girl With Gloves, 1929
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Andromède, 1929
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Dormeuse, 1934
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Este é um post atípico da série "Arte feita pelas mulheres", por pretender funcionar especialmente como aperitivo para a exposição de alguns trabalhos de Tamara na Casa das Artes de Vigo, até 15 de Julho.

Por agora, ficam, então, apenas algumas obras. Para saber mais sobre a artista, deixo alguns links.

O Mito da beleza

(…) as feministas eram criticadas como mulheres defeituosas, homens pela metade, masculinizadas… revistas humorísticas e legisladores hostis à causa, por toda a parte divulgavam uma imagem alarmante de espantosas megeras masculinizadas (…).

(…) Embora muitas mulheres percebessem que sua atenção estava sendo focalizada dessa forma [nas suas características físicas e não reivindicações], poucas compreenderam totalmente como esse enfoque é meticulosamente político. Quando se atrai a atenção para as características físicas de líderes de mulheres, essas líderes podem ser repudiadas por serem bonitas demais ou feias demais. O resultado líquido é impedir que as mulheres se identifiquem com as questões. Se a mulher púbica for estigmatizada como sendo “bonita”, ela será uma ameaça, uma rival, ou simplesmente uma pessoa não muito séria. Se for criticada por ser “feia”, qualquer mulher se arrisca a ser descrita com o mesmo adjectivo se se identificar com as idéias dela. As implicações políticas do fato de que nenhuma mulher ou grupo de mulheres, sejam elas donas-de-casa, prostitutas, astronautas, políticas ou feministas, podem sobreviver ilesos ao escrutínio devastador do mito da beleza, ainda não foram avaliadas por inteiro. Portanto, a tática de dividir para conquistar foi eficaz.

(…) O mito não isola as mulheres segundo suas gerações, mas, pelo facto de incentivar a desconfiança entre todas as mulheres com base na aparência, ele as isola de todas as outras mulheres que elas não conheçam e apreciem pessoalmente. Embora elas tenham grupos de amigas íntimas, o mito e as condições das mulheres até recentemente impediram-nas de aprender algo que possibilita as mudanças sociais masculinas: como se identificar com outras mulheres desconhecidas de uma forma que não seja pessoal.

O mito gostaria que as mulheres acreditassem que a mulher desconhecida (…) está sob suspeita antes de abrir a boca por ser Uma Outra, e a lógica da beleza insiste que as mulheres considerem umas às outras como possíveis adversárias até descobrirem que são amigas.

Naomi Wolf
in “O Mito da Beleza”
Editora Rocco

sexta-feira, junho 1

01 de Junho - Dia Mundial da Criança

Para assinalar este dia, queria aqui colocar um dos melhores vídeos que vi sobre crianças. O YouTube - como que intuindo o dia - faz birra e não me deixa postá-lo. Fica, pois, o link: para e para um site que conta, trocada por miúdos, a história do Dia da Criança.


Dia Mundial da Criança, pela Blogosfera:

Iniciativas para celebrar o Dia: aqui