O Mito da beleza
(…) as feministas eram criticadas como mulheres defeituosas, homens pela metade, masculinizadas… revistas humorísticas e legisladores hostis à causa, por toda a parte divulgavam uma imagem alarmante de espantosas megeras masculinizadas (…).
(…) Embora muitas mulheres percebessem que sua atenção estava sendo focalizada dessa forma [nas suas características físicas e não reivindicações], poucas compreenderam totalmente como esse enfoque é meticulosamente político. Quando se atrai a atenção para as características físicas de líderes de mulheres, essas líderes podem ser repudiadas por serem bonitas demais ou feias demais. O resultado líquido é impedir que as mulheres se identifiquem com as questões. Se a mulher púbica for estigmatizada como sendo “bonita”, ela será uma ameaça, uma rival, ou simplesmente uma pessoa não muito séria. Se for criticada por ser “feia”, qualquer mulher se arrisca a ser descrita com o mesmo adjectivo se se identificar com as idéias dela. As implicações políticas do fato de que nenhuma mulher ou grupo de mulheres, sejam elas donas-de-casa, prostitutas, astronautas, políticas ou feministas, podem sobreviver ilesos ao escrutínio devastador do mito da beleza, ainda não foram avaliadas por inteiro. Portanto, a tática de dividir para conquistar foi eficaz.
(…) Embora muitas mulheres percebessem que sua atenção estava sendo focalizada dessa forma [nas suas características físicas e não reivindicações], poucas compreenderam totalmente como esse enfoque é meticulosamente político. Quando se atrai a atenção para as características físicas de líderes de mulheres, essas líderes podem ser repudiadas por serem bonitas demais ou feias demais. O resultado líquido é impedir que as mulheres se identifiquem com as questões. Se a mulher púbica for estigmatizada como sendo “bonita”, ela será uma ameaça, uma rival, ou simplesmente uma pessoa não muito séria. Se for criticada por ser “feia”, qualquer mulher se arrisca a ser descrita com o mesmo adjectivo se se identificar com as idéias dela. As implicações políticas do fato de que nenhuma mulher ou grupo de mulheres, sejam elas donas-de-casa, prostitutas, astronautas, políticas ou feministas, podem sobreviver ilesos ao escrutínio devastador do mito da beleza, ainda não foram avaliadas por inteiro. Portanto, a tática de dividir para conquistar foi eficaz.
(…) O mito não isola as mulheres segundo suas gerações, mas, pelo facto de incentivar a desconfiança entre todas as mulheres com base na aparência, ele as isola de todas as outras mulheres que elas não conheçam e apreciem pessoalmente. Embora elas tenham grupos de amigas íntimas, o mito e as condições das mulheres até recentemente impediram-nas de aprender algo que possibilita as mudanças sociais masculinas: como se identificar com outras mulheres desconhecidas de uma forma que não seja pessoal.
O mito gostaria que as mulheres acreditassem que a mulher desconhecida (…) está sob suspeita antes de abrir a boca por ser Uma Outra, e a lógica da beleza insiste que as mulheres considerem umas às outras como possíveis adversárias até descobrirem que são amigas.
O mito gostaria que as mulheres acreditassem que a mulher desconhecida (…) está sob suspeita antes de abrir a boca por ser Uma Outra, e a lógica da beleza insiste que as mulheres considerem umas às outras como possíveis adversárias até descobrirem que são amigas.
Naomi Wolf
in “O Mito da Beleza”
Editora Rocco
1 comentário:
A beleza "já" não é um mito!
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