quarta-feira, fevereiro 28

Puxar o tapete... vermelho

As melhores:



As piores das melhores:



As piores das piores:

quarta-feira, fevereiro 14

AMAR!!

Amar

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...


Florbela Espanca


Porque ouvi;
Porque li;
Porque foi mulher que sentiu e escreveu;
Porque é lindo e eu gostei!!

segunda-feira, fevereiro 12

Mulheres contra Mulheres (2)


Sem REIno
Saibamos não temer a luminosidade das rainhas singulares
para deixarmos, enfim, a sombra do REInado.




Analisadas possíveis causas e avançadas algumas formas de contornar este "reino de divididas", é chegada a altura de aproximarmos a lupa e tentarmos decifrar acções concretas e simples que nos proporcionarão uma convivência mais saudável e solidária.

E onde quer que a lupa nos prenda o olhar, solidariedade é a palavra focada, iluminando o percurso que permite abandonarmos a sombra do REInado.

Mas como traduzir, na prática, esta ambicionada solidariedade?
Eis algumas propostas:

1. Ter presente que os homens não são, por definição, mais importantes que nós. O que nos permitirá apoiarmo-nos orgulhosamente umas nas outras. (Shere Hite)

2. Sermos cúmplices e capazes de reconhecer autoridade na (outra) mulher. (Elena Simón)

3. Sabermos reconhecer o valor de uma mulher e renunciar ao "sim, mas…" que normalmente acompanha o "elogio", camuflando a inveja, o ciúme, a rivalidade.
Exemplo do "sim, mas…":
- Aquela mulher é muito bonita
- Sim, mas também tem dinheiro para se cuidar…


4. Adoptar uma atitude solidária acima das antipatias, podendo resultar num pacto de silêncio. Algo como: "Eu, pessoa do sexo feminino, estou disposta a não criticar nenhuma acção ou decisão tomada por outra pessoa do mesmo sexo, a não ser que extravase certos limites que um ser humano não deve ultrapassar". (Amélia Valcárcel)


5. Não ocultar a rivalidade e a competição - já que tal contribuiria para exacerbar as tensões e a agressão entre as mulheres. (Marcela Lagarde). Sermos, antes, francas mas numa óptica construtiva: "Dir-lhe-ei clara e serenamente o que na sua conduta me perturba. Mas só se essa conduta for mais prejudicial para ela do que para mim".

6. "A história do patriarcado é uma história de exclusões, a história da ocultação das mulheres." Há, pois, que renunciar ao papel de órfãs, conhecendo, revelando, nomeando e orgulhando-nos das mulheres da História. (Gioconda Belli). "Diminuímos a misoginia de cada vez que reconhecemos os contributos das mulheres" (Carmen Alborch)


7. Conhecermo-nos, valorizarmo-nos individualmente, abandonando os mecanismos de constante auto-avaliação. O desenvolvimento colectivo só é possível a partir do desenvolvimento individual. (Victoria Camps)

8. Reconhecer que ser solidária não é ser dependente; não é entregarmo-nos incondicionalmente e subordinarmo-nos aos interesses alheios. Será, antes, sublinhar o princípio: "Tenho algo para dar e posso receber algo" (Marcela Lagarde)

9. Aprender a discordar sem misoginia. Reconhecer, em igualdade, que somos diferentes.


10. 11. 12. 13... Existirão, seguramente, muitas outras propostas (alguém tem ideias?). Mas, ainda assim, nenhuma delas poderá prometer a solidariedade. Este é um destino complexo, em que não cabem princípios universais.

Independentemente de não encontrarmos "receitas" para a solidariedade, esse ambicionado destino só poderá alcançar-se com passadas firmes. E a firmeza dos passos, essa sim, poderá ser generalizável a propostas como estas.

Caminhemos, pois!

terça-feira, fevereiro 6

Beleza?

Meninas não desesperem... toda a gente consegue ser bonita...

ou

Meninas não desesperem... por denegrirem tanto a imagem da Mulher...

segunda-feira, fevereiro 5

Elogio à moda*

Tudo aquilo que ornamenta a mulher, tudo o que serve para ilustrar a sua beleza, faz parte dela mesma; (…) A mulher é sem dúvida uma luz, um olhar, um convite à felicidade, uma palavra por vezes; mas ela é sobretudo uma harmonia geral, não apenas na sua compleição e no movimento dos seus membros, mas também nas musselinas, nas gazes, na vasta e cintilante profusão de tecidos com que se envolve, e que são como que os atributos e o pedestal da sua divindade; no metal e no mineral que serpenteiam em torno dos seus braços e do seu pescoço, que juntam as suas centelhas ao fogo dos seus olhares, ou que brilham docemente nas suas orelhas.

Baudelaire
in "O pintor da vida moderna"


Aqui tens, querida Cuskiss, um defensor do teu “andar na moda não é vergonha”.

Diz-nos, Baudelaire, que só o sobrenatural, o artificial, o ornamento é virtuoso – sinal de nobreza primitiva da alma humana - e que a natureza apenas tem o papel de nos constranger a necessidades e nos conduzir a atrocidades, por ser vista como a voz do nosso interesse (egoísmo).

E se “o mal se faz sem esforço, naturalmente, por fatalidade “ e “o bem é sempre produto de uma arte”, a moda não pode senão ser considerada como “um sintoma do gosto do ideal, flutuando no cérebro humano, acima de tudo aquilo que a vida natural vai acumulando ali de grosseiro, terrestre e imundo, como uma deformação sublime da natureza.”

Por isto, querida cusca (queridas cuscas), é teu direito aplicares-te a “parecer mágica e sobrenatural”, e de “recorrer a todas as artes para obter os meios de se [te] elevar[es] acima da natureza”.

* a propósito do post “O último grito da moda”