sexta-feira, outubro 31

Ausências*

Estudar, teorizar, investigar, fazer acções de rua, participar em conferências, debater, estar em tertúlias, apresentar comunicações, preparar comunicações, dar formação e ter as "questões feministas" subjacentes, desmistificar conceitos, questionar estereótipos.
Fazer os feminismos, assim, é de um gozo e desafio tremendos, com impactos visíveis, é certo. Mas tudo se redimensiona quando comparado com uma mulher "crescer", gostar mais de si ou chorar porque se descobre; tudo se reconfigura quando comparado com mulheres vítimas de violência doméstica a dizerem que se sentiram, ali, serenas.
Porque as cusquices se vão fazendo na rua, em aldeolas esquecidas, com mulheres esquecidas de si entre imensidões de filhos, maridos violentos ou ausentes, trabalhos dobrados, mas nem por isso pagos, ou entre palavras que não sabem escrever, os dias tornam-se impostáveis. No além virtual, sugam-se as palavras.
Sobra silêncio.
*ou retornos

segunda-feira, outubro 20

Artigos sobre Poliamor, no JN

  • Amores múltiplos sem tabus
    Histórias de portugueses que assumem o fim da exclusividade e vivem relações abertas com vários parceiros. Sem fidelidade e sem enganos.


Mais informações sobre Poliamor: Site Português / Blogue Our Laundry List

terça-feira, outubro 14

O aviso foi dado

Os/as nossos/as 9 visitantes (nunca pensei que fossem tantxs!) decidiram: querem ver o filme. A responsabilidade agora é vossa!

E podem gozar o tal bocadito, claro.


Vídeo sobre a flash mob, no Porto, pelo acesso ao casamento civil.

sexta-feira, outubro 10

(depois dA má)


  • "Listen, Darling The World is Yours", reúne obras de mais de 40 artistas, muitas delas nunca antes mostradas ao público português. Phillips escolheu peças que nos últimos vinte anos tomam o género e as vozes das mulheres (também gay e transgender), como parte das suas preocupações artísticas. Vamos poder ver núcleos de trabalhos de Sarah Lucas, Kara Walker, Ryan McGingley, Cindy Sherman, Nan Goldin e instalações fundamentais de Louise Bourgeois, Eija-Liisa Ahtila, Matthew Barney e Shirin Neshat. Para ver na Ellipse Foundation, Estoril.

quinta-feira, outubro 9

NÓS PARÁMOS... PARA PODERMOS AVANÇAR.

"Estou capaz de jurar que vi, pelo menos, uma pessoa a sair do metro com a mão na consciência". O tom era jocoso, mas nem por isso a afirmação era menos verdadeira. Se as pessoas que passavam hoje, por volta do meio-dia, na estação de metro da Trindade, no Porto, não saíram com opinião formada acerca do acesso de casais do mesmo sexo ao casamento civil, pelo menos pensaram no assunto. Aproximadamente 30 pessoas estendiam-se pela estação de metro, vindas de Braga, de Aveiro, de Lisboa. Nada de invulgar, num local de passagem. O inusitado era o "congelamento" daquelas pessoas. Como se o tempo simplesmente parasse – como a legislação parada no tempo – chamadas telefónicas pareciam suspensas; o passo interrompido; o olhar preso. Por minutos, a estação estacou perante o congelamento daquelas pessoas. Os pescoços torciam-se admirados; o passo desacelerava para observar aquela gente parada com cartazes na mão; e mesmo os olhares (como os pensamentos) que tentavam escapar à frase que espicaça - "acesso ao casamento civil" – logo embatiam num novo cartaz e a fuga era impossível. Um grupo de estudantes comentava: "não sei se já repararam, mas estamos no meio de uma manifestação pelo casamento homossexual". "Estou capaz de jurar que vi, pelo menos, uma pessoa a sair do metro com a mão na consciência" – a frase ecoa.
A comunicação social também compareceu, ainda que em quantidade tímida. Entrevistavam a Maria José Magalhães quando um fiscal que por ali pairava ameaçou chamar a polícia. Afinal, parece que não é permitido escrever-se uma conversa. O incómodo com a entrevista sublimava o visível incómodo com a acção.
Que possa este incómodo ser extensivo aos deputados e deputadas da Assembleia da República. E que amanhã, no momento da votação dos projectos de lei que aprovam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, possam esses deputados e deputadas cadenciar, em consciência e sem qualquer disciplina de voto a deter o movimento, a marcha rumo à igualdade e cidadania plena.
O Porto parou. E agora, senhores deputados e deputadas, podemos avançar?


Pelo acesso ao casamento civil: Parar. Para Portugal Avançar
9 de Outubro_Metro da Trindade_Porto

quarta-feira, outubro 8

Nota de Imprensa da acção da UMAR, no Porto

Dia 9, às 12h na Estação da Trindade, no Porto: “Parar. Para Portugal Avançar”

Durante o Estado Novo, as professoras primárias necessitavam da autorização do Estado para casar. Durante o Estado Novo, as enfermeiras eram, legalmente, impedidas de casar, chegando mesmo uma enfermeira a ser presa por infringir esta lei. Em 2008, o Código Civil português não impede enfermeiras ou professoras de casar, mas continua a não permitir o casamento de pessoas do mesmo sexo, ainda que o artigo 13º da Constituição da República Portuguesa consagre a eliminação da discriminação em função da orientação sexual. Em 2008, apesar da inexistência de prisões reais, lésbicas e gays continuam a ser prisioneiros simbólicos de uma mentalidade retrógrada e discriminatória.

No próximo dia 10 de Outubro, a Assembleia da República tem oportunidade de assumir as suas responsabilidades e aprovar os projectos de lei que prevêem a alteração do Código Civil no que se refere ao acesso ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. As deputadas e deputados portugueses terão oportunidade de, através do seu voto, mostrar que têm dos direitos fundamentais, da cidadania e da democracia uma visão que não discrimina ninguém, que não exclui cidadãos e cidadãs do exercício e do direito à felicidade.

A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta associa-se e apoia a luta das organizações portuguesas, no sentido de verem reconhecido o direito ao casamento civil para todas as cidadãs e cidadãos, independentemente da sua orientação sexual. Por isso, no próximo dia 9 de Outubro, a UMAR dinamiza uma performance na Estação de Metro da Trindade, Porto, pelas 12h. Como se fossem reflexo ou espelho da legislação portuguesa - estagnada - os e as participantes desta acção vão literalmente parar e manifestar, imóveis, que este é o momento de avançar. Porque todas as vidas são prioritárias, porque motivos de "agenda política" não podem ser justificações para discriminar, porque as leis servem para proteger da discriminação e não quem exerce essa discriminação, dia 9 de Outubro as palavras de ordem são "PARAR, PARA PORTUGAL AVANÇAR".

terça-feira, outubro 7

PARAR. Para Portugal Avançar.

PORTO
9 Outubro _ 12h _ Estação de metro da Trindade

Em véspera de votação, na Assembleia da República, do projecto de lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o Porto vai parar para dizer que Portugal tem de avançar e deixar de consagrar, no código civil, a discriminação em função da orientação sexual.

Dia 9 de Outubro, quinta-feira, todas/os à estação de metro da Trindade, às 12h!

Traz uma folha com a frase "ACESSO AO CASAMENTO CIVIL".

Chega um pouco mais cedo e age naturalmente, como se fosses um/a mero/a utente à espera do metro. O objectivo é que estejamos todos/as dispersos/as e não em multidão.

Quando forem exactamente 12h, segura a tua folha. És uma estátua. Não fales nem te mexas. O importante é a tua mensagem.

Passados 2 minutos em que estás completamente estático/a, guarda a tua folha e retoma o teu percurso.

TU SEGUES. A MENSAGEM FICA. PORTUGAL AVANÇA.

Tens dúvidas? Consulta este vídeo. A única diferença é que terás, na mão, a folha onde está escrito "Acesso ao casamento civil".

Por um país mais decente que não discrimine parte da sua população, PARAR. PARA PORTUGAL AVANÇAR!


LISBOA


Aparece. Divulga!

domingo, outubro 5

40% das mulheres são assediadas no trabalho

Joana Bastos e Sílvia Maia, IOL Diário

Mas são assediadas porque querem! Que não vistam saias curtas; que não vistam saias justas; que não vistam saias largas; que não usem decote; que não sorriam; que não falem; que não balancem as ancas a caminhar; que não se maquilhem; que não digam bom dia; que não mexam sensualmente nos cabelos; que não tenham cabelo, de todo; que não usem salto alto; que nunca usem vermelho – cuidado com o touro; que não pensem. Que não existam, simplesmente, ou que a sua existência seja meramente pautada pelos desejos, vontades e pensamentos dos coitadinhos que "não são de ferro". Estas gajas... olha lembrarem-se de serem pessoas, com dignidade e vontade própria... e acharem que todas as outras pessoas também são assim... depois, claro, acordam os chefes (ou partes dos chefes que o cérebro continua adormecido). Esses sim, as verdadeiras vítimas! Coitadinhos.

sábado, outubro 4

Um redondo não

ou: cansa-me que isto seja uma "questão"

Não se trata de defender a instituição caduca(da) do casamento - idealmente, é figura a abater; não interessa quantos casais homossexuais vão casar, mudando a lei; nem há qualquer incoerência no facto de se defender a igualdade no acesso ao casamento civil e não querer, para si, que o estado medeie as suas relações afectivas. Não se complique: a lei define cidadãos e cidadãs de segunda; legitima a discriminação - apesar de termos a única constituição na Europa que proíbe a discriminação em função da orientação sexual. A questão é simples: "Concorda que a merda do seu país continue a não reconhecer direitos iguais a parte da sua população?". E a resposta mais simples é.