Arte feita pelas mulheres (1)
Barbara Kruger
n. em 1945 em Newark; vive e trabalha em Nova Iorque e Los Angeles.
Esta artista utiliza sobretudo fotomontagens que figuram em placards, instalações de parede, livros, cartazes em autocarros e outros suportes. Kruger recolhe imagens dos meios de comunicação social e dá-lhes um novo contexto, um novo significado. A essas imagens adiciona textos que pretendem subverter mensagens que a cultura capitalista bombardeia constantemente.
Os trabalhos desta activista foram altamente impulsionados pela teoria – que ela própria desenvolvera – de que as mensagens latentes nos média (tal como no cinema) procuram a normalização dos sujeitos (para irem ao encontro dos seus propósitos ideológicos, económicos e sociais); e que são (também) essas mensagens/representações responsáveis pela percepção que temos do sexo feminino (e masculino), bem como do género.
Para travar esta difusão estereotipada, B.K. procurou, em toda a sua obra, desconstruir estas mensagens/representações.
Nas imagens que agora vemos, B.K. utiliza sobretudo os pronomes pessoais "eu"(I), "vós", "tu" (you), "nós"(we), em vez de dizer "a mulher" ou "o homem". E fá-lo deliberadamente para recusar o alinhamento com o género; para permitir que qualquer pessoa (mulher/homem) se identifique com a mensagem, precisamente porque, diz-nos Kruger, a masculinidade e feminilidade não são identidades estanques, mas, antes, objecto de mudança.
Nas suas exposições/instalações espaciais, Kruger usa as paredes, o chão e o tecto como veículos de imagens e textos omnipresentes e de grande formato, cobrindo normalmente toda a sala, excluindo qualquer possibilidade de se "desviar o olhar" - como mostra a fotografia.
Para terminar, um trabalho recente de Barbara Kruger:
... e porque é reveladora da força imagética e ideológica da arte de Kruger.
...
Tradução livre das imagens, por ordem de apresentação:
1. Compro, logo existo
2. O teu corpo é um campo de batalha
3. Tu não és tu própria/ próprio
4. Nós não precisamos doutro herói
5. Imagem de parte de uma instalação
6. Pró-vida para os por nascer/ Pró-morte para os nascidos
Mais sobre B.K. aqui
E se ficaram curiosos/curiosas, nada como ir a Serralves ("Anos 80: uma tipologia", onde encontrarão uma obra de Kruger e de outras artistas que aqui vamos mostrar, bem como na exposição que está na biblioteca da fundação: "Corpo como utensílio").
4 comentários:
Gostei muitíssimo do post, e acho curiosa a tendência (que não é só dela) em utilizar outdoors, páginas de anúncios em revistas e estéticas declaradamente publicitárias para construir uma “arte comprometida”. A arte, assim, reconstrói-se no quotidiano para o abalar. É interessante ver como uma crítica dos valores tradicionais escolhe precisamente os mais convencionais órgãos de difusão desses valores para os desactivar, para os acusar e pôr a nu. É irónico, no melhor sentido do termo!
Já conhecia o trabalho da Barbara Kruger. Muito bom, teres divulgado aqui esta grande "SENHORA".
bjs
muito bom este post e a ideia de divulgar arte por mulheres ou vice-versa.
parabéns pela iniciativa. por mim já valeu a pena, não conhecia esta senhora.
Obrigada pelos vossos comentários. Fico realmente satisfeita por terem gostado. Motiva para o próximo :)
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