terça-feira, abril 10

Arte feita pelas mulheres (3)

Post especialmente dedicado ao senhor ou senhora que cá veio parar através da pesquisa "gajas com vaginas".


VALIE EXPORT
n. em 1940 em Linz; vive e trabalha em Viena e Colónia.

VALIE EXPORT (sempre em maiúsculas) foi a identidade adoptada pela artista em 1967: “Export significa sempre e em toda a parte. Significa Export(ação) de mim mesma. Não queria usar nem o nome do meu pai nem o nome do meu marido. Queria encontrar um nome só meu”.



Ao querer que o seu nome “escrito sempre em maiúsculas”, a artista pretendia dar-lhe a força de um manifesto e, simultaneamente, a qualidade de logótipo. Juntamente com a legenda “MADE IN AUSTRIA”, o nome transmitia, assim, a ideia de que a produção de arte é também produção de bens de consumo, e ligava essa ideia à questão de como as mulheres são construídas como objectos de consumo tanto dentro como fora do mundo da arte. *





Os seus trabalhos, independentemente da forma que assumem (vídeo, performances, documentários, esculturas, fotografias) têm como veículo privilegiado o corpo - transporte de novas percepções e codificações; utensílio para chocar (confrontar) o público com a realidade da hipocrisia erótica, com a destruição e agressão.

Autora de diversos textos sobre mulheres e arte, VALIE, no seu "Women´s Art: A Manifesto" escreve "deixemos as mulheres falarem para que possam encontrar-se a si próprias".


Aqui, prompomo-nos fazer isso mesmo: deixar, tão-somente, que as imagens da arte de VALIE EXPORT falem por si (e de si, só as legendas) - para que a encontremos enquanto se econtra com ela:



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"Tap und Tastkino" (Touch Cinema) (1968)

A imagem revela parte de uma série de acções de rua em que VALIE "veste" uma miniatura de um palco que deixa as suas mamas nuas mas escondidas. Com um megafone, o público era encorajado a aproximar-se e a tocar o que se escondia por detrás do pano do palco. Desta forma, VALIE chamava a atenção para a objectivação do corpo da mulher na "sociedade do espectáculo".

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"Genital Panic" (1969)

Nesta "acção" a artista invade um cinema pornográfico de Munique, envergando o traje e arma que mostra a fotografia e, dirigindo-se à audiência, anuncia que verdadeiros genitais femininos estariam disponíveis para fazerem com eles o que quisessem. A reacção do público foi um abandonar silencioso do cinema...



Como nós agora abandonamos este post?

...

Legendas das Imagens, por ordem de apresentação:

1. Smart- Export

2. Body Sign

3. Erwartung

4. Tapp - und tastkino

5. Valie Export and Peter Weibel

6. Genital Panic

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* in "Mulheres Artistas", Editora: Tachen

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mais informações aqui; ou aqui ou...

2 comentários:

Anónimo disse...

Sim, agrada-me esta "arte manifesto"... Gosto do modo como se apropria dos estereótipos para os expôr, de modo tão "deseducado" e irreverente! E parece-me particularmente curioso esse acto da invasão do cinema. Desarmou totalmente o voyeurismo masculino - tornou-o literalmente impotente - ao converter a presa em predadora... Isso valia um post autónomo, não achas querida Cuscavel?

cuscavel disse...

Irreverente, sim. Acho que se passasse na rua e visse uma mulher com um homem pela trela ia achar que era maluca. Uma dificuldade ou algo a favor do "manifesto" que envolve a arte?

Aproveito para confessar que o "converter a presa em predadora" me pareceu lapso teu a escrever. Mas não. Era mesmo isso e não o converter predador em presa - vestígios do (meu) falocentrismo? E quanto ao (realmente merecido)post autónomo porque não no teu blog? É preciso password para aceder?