Mulher Objecto
"Segundo costumes e convenções que, finalmente, têm vindo a ser postos em causa, mas de que modo algum foram ultrapassados, a aparência social da mulher é de espécie diferente da do homem. A presença de um homem depende da promessa de poder que encarna. O poder prometido pode ser moral, físico, temperamental, económico, social, sexual; mas a sua incidência é sempre exterior ao homem. (…) A aparência, para uma mulher, é tão intrínseca à sua pessoa que os homens tendem a considerá-la como uma emanação pessoal, uma espécie de calor, um aroma ou uma aura. (…) Os homens agem, as mulheres aparecem. Os homens olham para as mulheres. As mulheres vêem-se a serem vistas. Isto determina não só as relações entre homens e mulheres, como também as relações das mulheres consigo próprias. O vigilante da mulher dentro de si própria é masculino; a vigiada, feminina. Assim, a mulher transforma-se a si própria em objecto – e muito especialmente num objecto visual: uma visão."
John Berger
Citado em Mulheres de Papel,
de Alice Marques
4 comentários:
Bela transcrição.
Interessante, sim. Mas quando a mulher é lésbica, de que género será a/o vigilante e a/o vigiada/o? E serão de facto estes os dois actores em presença? Serão mais, serão menos?
eu aproveitava e fazia logo a petição para acabar com a tvi ao mesmo tempo
www.motoratasdemarte.blogspot.com
Estrela do norte, confesso que me deste uns nós com essas questões. Não consigo encontrar a excepção da mulher lésbica a esta "tese". Sendo que ela não deixa de ser mulher (em sexo ou género)... não sei! :)
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