Representações das Mulheres nos Média
O número 14 da revista ex aequo, da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres, revela isso mesmo ao dedicar-se inteiramente à questão das representações mediáticas de mulheres.
Sendo o tema vasto, e controverso, muito haveria a dizer. Opta-se, aqui, apenas por destacar, de um dos artigos, os resultados de um estudo, realizado em Janeiro de 1995, por ser um forte indicador dos padrões persistentes de exclusão, dos média, das mulheres.
- Este estudo consistiu na análise, por um dia, de todas as notícias dos média dos países de 71 mulheres. Foram analisadas mais de 15.500 histórias.
Os resultados são reveladores:
Apenas 17% dos sujeitos das notícias do mundo eram do sexo feminino (repórteres ou entrevistadas).
A mais baixa proporção de mulheres nas notícias é na Ásia: 14%;
a mais elevada é de 27%, na América do Norte.
De todas as notícias nos campos da política e do governo, as mulheres representam 7% dos sujeitos;
9% nas notícias sobre economia e negócios;
33% nas questões de saúde e sociais
31% nas artes e lazer.
Mas nem só as estatísticas revelaram a fraca representação das mulheres:
A análise qualitativa destas notícias revelou uma notória ausência de vozes femininas nas notícias que diziam respeito às mulheres. Em notícias como o direito das mulheres de pedirem o divórcio no Egipto ou a penalização das mulheres por infidelidade na Turquia ou a elevada taxa de aborto nas adolescentes escocesas, os pontos de vista das mulheres foram excluídos.
A crítica, discussão e aprofundamento desta questão poderão ficar para posts futuros. Para já, e independentemente das limitações que os estudos sempre apresentam, é possível, já, uma confirmação:
A da “ natureza genderizada impregnada nos valores das notícias e nos processos de selecção das notícias” que “torna pouco provável a mudança apreciável (…) mesmo a médio prazo.”
“Perspectivas feministas sobre os media”, Margaret Gallagher
in Revista Ex-aequo, n.º 14,
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