quarta-feira, outubro 18

Porque são as mulheres tão complicadas?

É usual vermos um homem desresponsabilizar-se do entendimento do universo feminino porque lhe atribui características que lhe são inacessíveis. Quantas vezes não ouvimos dizer: “Oh! As mulheres são muito complicadas!”, desistindo, acto contínuo, de aceder à compreensão da mulher?

De acordo com a tese de Simmel, a explicação para esta pretensa complexidade/ complicação das mulheres é – imagine-se! - simples:

O homem tem a faculdade de separar o objectivo do subjectivo, enquanto que a mulher tem uma tendência para os unir.

Enquanto que para o homem a verdade surge em termos de conhecimento, pressupondo uma operação intelectual tendente à lógica, na mulher as faculdades intelectuais exercem-se em constante relação com as coisas, identificando-se, assim, a verdade com a sabedoria.

Esta diferença poderia ser explicada num redutor (mas nem por isso ilusório) exemplo. Cá vai: perante uma garrafa de cerveja e um maço de tabaco, o homem verá, muito provavelmente, um recipiente de vidro que contêm um líquido levedado. No maço de tabaco, vê uma caixa onde se guardam objectos para fumar. Conseguindo separar as características dos objectos da sua experiência com esses mesmos objectos, por exemplo.

A mulher, pelo contrário, não tenderia a ver os objectos isolados de si mesma, mas sim a ver na garrafa de cerveja o efeito que ela causaria caso a bebesse, por exemplo. Presumivelmente, relacionaria estes dois objectos (cerveja e maço de tabaco) e viria neles instrumentos para uma noite de conversa no café.

Em suma, a mulher é, aos olhos dos homens, um ser complicado simplesmente porque utiliza mecanismos de compreensão do mundo diferentes dos dele. É que, enquanto o homem vê os objectos em si mesmos, a mulher tende a relacionar os objectos entre si e consigo mesma.

Demasiado complicado?

15 comentários:

Anónimo disse...

sim complicado porque não é necessário cerveja e café para se pensar em uma noite de conversa no café!

ass.: homem

Anónimo disse...

cerveja é cerveja não uma bebedeira

cuscavel disse...

Antes de mais, seja bem-vindo, caro homem!

Quanto ao comentário,

Talvez se apresentar a questão nestes termos, possa compreender:

O que é um exemplo? São frases que se mencionam para apoiar uma opinião, confirmar uma regra ou para concretizar a verdade de uma afirmação.

E um exemplo redutor, o que é? É um exemplo que reduz; simplificador; parcial.

Daqui se deduz aquilo que se pretendia (mas parece não ter sido) óbvio:

- Não é regra que todos os homens vejam na garrafa de cerveja ou no maço de tabaco, somente, o descrito. Mas isso, o nosso caro homem nem se propõe a discutir. Curioso…

- Também não serão todas as mulheres a ver nesses mesmos objectos aquilo que foi dito.

Espero que o raciocínio agora apresentado lhe possa ter sido mais acessível.

Apareça mais vezes!

cuscólica anónima disse...

É verdade, a mulher tende sempre a ver mais além que o homem!
Mas não acho que isso seja sempre bom,por vezes devíamos ser mais objectivas e esquecer o subjectivo! Mas outras vezes devia ser o contrário...
Lá está, a mulher é complicada... :)

Anónimo disse...

cuscavel, voce quer mesmos fazer com que eu passe por um burro ou todos os homens?!!! sei o que é um exemplo e compreendi tudo o que quer dizer com este post, apenas se tenta por lenha na fogueira! mais nada!

tenha calma!

cuscavel disse...

Venha lenha para a fogueira, então!
Mas não seja subjectivo na leitura do meu comentário... não veja exaltação ou perda de calma onde ela não existe, homem!

E é preciso clarificar um outro ponto: não há, em nenhuma altura deste post, conceitos como "burro", "melhor" ou "pior". Constatam-se, apenas, diferenças. Sem que lhes seja atribuído qualquer valor.

Anónimo disse...

A simplicidade e/ou complexidade do pensamento masculino é bem determinável pelo exemplo da cerveja e dos cigarros. Assim, se à primeira cerveja o elemento dominante “água” conduz a pensamentos despoluídos e cristalinos, já à 15ª provoca metáforas obsessivas com consequente arrastamento do palavreado; se certos cigarros favorecem a imagem pensativa traduzida na hipálage pessoana, já outros fazem rir a bandeiras despregadas (nunca percebi esta expressão!) sugerindo a progressiva complexificação do olhar sobre os objectos. Face a isto, acho que o melhor mesmo é evitar classificações abusivas tentando, sempre que possível, “não confundir o género humano com o Manuel Germano”.

Fabiana disse...

Nunca nenhum homem disse que eu era complicada. Já ouvi, muitas vezes, as mulheres dizerem que os homens dizem que elas são complicadas, ou melhor, que elas pensam que eles as consideram como tal. Mas, a mim, nunca nenhum disse que elas o são. Das duas uma, ou nós é que temos esse preconceito ou eu vivo, mesmo, num mundo à parte.

(O blog ficou fixe!)

cuscavel disse...

Excelente questão, querida safo. Evidencia uma perspectiva curiosa… e muito interessante!

Fabiana, ainda que camuflado, estes posts pretendem que se levante, precisamente, essa questão: não seremos nós, mulheres, a perpetuar os preconceitos em que nos encerram?

Alien David Sousa disse...

Gostei do texto e apesar de ser uma Alien feminina, eu quando olho para um copo de cerveja, vejo um copo de cerveja. E quando olho para um maço de cigarros, retiro um e fumo.
Se não perdessemos tanto tempo a descobrir as diferenças mas sim as semelhanças, os homens e as mulheres entendiam-se bem melhor ;)
Mas isto sou só eu.

Blossom disse...

Sim, é verdade que as mulheres são complicadas, tendem a analisar sempre os prós e os contras, mas deixem-me que vos diga: eu conheço homens que são muito mais complicados que qualquer mulher...eles olham para a cerveja e vêm até à cevada que estava no campo...e ao gurosan do dia seguinte...
Também...se fossemos iguais a eles, não tinha tanta piada ;)

Bom fds

cuscavel disse...

Olá, alien e blossom, sejam bem-vindas!

Alien,
Repito a resposta ao homem (aquele lá em cima nos comentários). É evidente que nem todos cabem nesta definição. A excepção é a confirmação da regra. E, apesar de não ter referido claramente, as diferenças de pensamento não são inatas mas fruto do desenvolvimento (história) da mulher e do homem. Só por isso, é óbvio que não seremos todos assim.

E isto é só uma tese…

Outro ponto: Porquê o orgulho em raciocinar como os homens? Essa é a armadilha que nos construíram. A verdade é que somos diferentes e a tentativa de “decalcar” o comportamento do homem á a maior traição que nos podemos infligir.

Na minha perspectiva, o atentar às diferenças de género e a aceitação/respeito dessas diferenças é o passo mais eficaz para a igualdade (que não implica a supressão das diferenças).

Blossom,
O dizer-se que se é complicado passará pela medição de prós e contras? Eu chamo-lhe, talvez, ponderação ou aversão ao risco ou… mas dificilmente lhe atribuo a qualificação de complicado.

O acharmos algo complicado pressupõe sempre uma comparação. Neste caso, seremos complicadas aos olhos dos homens. Para nós, o raciocínio que une objectivo e subjectivo é simples. É o nosso. É o que conhecemos.

Obrigada pelos vossos comentários. Continuem a cuscar :)

rps disse...

E os bichas?...

Anónimo disse...

Bem!!! Isto está ao rubro uhuhuhuh! Cuscavel já começaste nos records eheheh

Beijo!!


cuscarédo

cuscavel disse...

Bichas, caro RPS? Serão o feminino dos bichos? Não que estupidez a minha... Refere-se aos homossexuais... Isso significa que parte do princípio que a orientação sexual absorve o género...

Demasiado complicado para mim. Quem sabe não será o próprio rps a pessoa mais indicada para responder à questão…