segunda-feira, outubro 9

Perante o mote deste blogue, impõe-se a questão: porque cuscam as mulheres?

É sabido que a arte de cuscar é sobretudo associada à mulher. Se o fazem e por que o fazem os homens, se em moldes diferentes e se, especialmente, na esfera privada – mais preciosos quanto ao parceiro ou parceira com quem partilham a sua má-língua – não é o que nos propomos aqui abordar. Tão-somente, nos cingiremos às raízes históricas desta necessidade, desejo ou-lá-o-que-seja das mulheres.

E sem entrar em pormenores (já me acusaram de posts longos), diremos apenas que é na passagem do matriarcado para o patriarcado que se encontra a génese das artes de coscuvilhar.

É que é com o patriarcado que se inicia um longo processo de castração mental e um recalcamento de paixões da mulher, para que ela ouse (irónico?) desempenhar unicamente a função de incubadora que lhe fora atribuída; de elemento de reprodução; de anónima operária de tarefas rudes.

E é este processo de censura que leva a que a mulher, entregue a si própria, e enclausurada na sua casa, desenvolva uma superabundante fantasia. Sendo esta fantasia o hábito silencioso de conversar com ela própria. A cusquice não será mais do que a partilha dessas digestões mentais. O dar voz ao silêncio a que se foi entregue.

E que melhor do que fazê-lo com quem também percorreu tal estrada?

Posto isto, partilhemos silêncios.

Que se cusque!


cuscavel

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois bem, parece-me bem que se cusque dadas as circunstâncias, pois a mulher sempre foi discriminada, e continua a ser!
Se cuscar é fenómeno de evolução da mulher, e se nos faz ser diferentes, abram asas á cusquice :)

Beijinhos :)

Anónimo disse...

O pois bem, parece-me bem , soa mesmo mal!
Engano :)

Lol :)

Anónimo disse...

Tentei encontrar no dicionário uma definição de cuscar/cusca/cusquice, mas não encontrei nada.

Parece-me que não passará de comentar ou partilhar. No entanto tem, na nossa sociedade, um sentido pejorativo - de crítica depreciativa.

Conversemos com nós próprias mas em voz alta, sem preconceitos...

Anónimo disse...

Infelizmente, muito do insignificante mundo de algumas mulheres passa pela cusquice sobre a vida das outras pessoas.
Essa triste necessidade de saber o que a outra pessoa fez, viu ou falou, muitas vezes, ultrapassa o limite do aceitável.Mas normalmente, as mulheres cuscas não se contentam com uma resposta simples, contendo apenas o essencial da informação que queremos oferecer. Querem mais…muito mais…querem saber tudo.