quinta-feira, maio 31

Plano Nacional contra a Violência Doméstica prevê…

… “a criação de um sistema de incentivo ao arrendamento apoiado” para as vítimas deste fenómeno.

Mais: “a lei que garante protecção às mulheres” que são alvo de agressões deve ser revista para, entre outras, integrar mecanismos em que garantem que as que estão em situação económica precária são consideradas beneficiárias prioritárias de “apoio financeiro imediato”.

(…) Na estratégia agora traçada o objectivo prioritário é intervir no combate à violência “exercida directamente sobre as mulheres, no contexto das relações de intimidade, sejam elas conjugais ou equiparadas, presentes ou passadas”.

Os apoios ao arrendamento destinam-se a, explica-se, “promover a autonomia residencial” das vítimas, devendo as que estão em casas de acolhimento ter acesso facilitado aos mesmos. As autarquias são também desafiadas a constituírem “uma bolsa de oferta de habitação social” à qual as vítimas devem ter acesso simplificado.

O emprego não é esquecido neste plano. “Definir um regime de mobilidade geográfica que assegure na administração pública e nas empresas”, quando tal seja possível, “a deslocalização das vítimas de violência doméstica em segurança e sigilosamente”, é outra das “medidas de discriminação positiva” contempladas.

Descriminação positiva que o governo quer também no que diz respeito à requalificação profissional quando existem “especiais problemas de inserção social”.

Estão previstas campanhas nacionais contra a violência doméstica – e uma em especial “contra a violência no namoro” – bem como várias medidas de “prevenção de revitimação”. A “experimentação de novas metodologias de controlo penal que permitam reduzir e alterar os comportamentos abusivos dos agressores” é uma delas. Quer-se, por exemplo, “implementar um programa experimental de aplicação de meios electrónicos de vigilância à distância” que sejam utilizados quando os agressores são alvo de medidas judiciais que os obrigam a permanecer afastados das vítimas.

Andreia Sanches
In Jornal Público
31.05.2007

quarta-feira, maio 30

Histórias para não adormecer


Mais uma História da Gata Borralheira


Era uma vez o Príncipe que tinha dormido com a Gata Borralheira. Durante o baile no palácio apeteceu a ambos deixar de dançar e ir para a cama um com o outro. E foram. Mas, à meia-noite, a Gata Borralheira saiu a correr da cama do Príncipe e esqueceu-se do soutien atrás de si.

O Príncipe não gostava do seu antepassado que tinha obrigado todas as mulheres do principado a descalçar o pé direito ou o esquerdo. O Príncipe não se lembrava ou a história era omissa quanto a ser o pé esquerdo ou o pé direito. Achava uma atitude grosseira, arrogante, pornográfica, de mau gosto.

Então o Príncipe para encontrar a gata borralheira não obrigou todas as mulheres do principado a despirem-se diante dele e a calçar o soutien. Meteu o soutien na gaveta das recordações e decidiu fazer amor com todas, uma por uma, velhas e novas, feias e bonitas, aleijadas e não aleijadas. E foi fazendo.

Quando fez amor com a madrasta e com as duas filhas da madrasta, sentiu-se mal. Jurou para nunca mais. Porque as três eram pelintras, chupistas, feias e fidalgas. E isso tudo traduzia-se no calculismo e no fingimento com que faziam amor. O Príncipe chegou a pensar que em vez de pénis tinha um godemichet implantado no baixo ventre de tal modo a madrasta e as três filhas da madrasta o usaram e se serviram dele. Agoniado depois de fazer amor com as três, foi à casa de banho vomitar.

Na casa de banho vomitou. E encontrou a Gata Borralheira a limpar a retrete. Como o Príncipe não foi a tempo de vomitar na retrete, vomitou no chão. A Gata Borralheira limpou o vomitado sem enjoos. Porque o Príncipe e a Gata Borralheira tinham-se reconhecido mutuamente imediatamente. Não foi preciso fazerem amor porque a cumplicidade que os unia era evidente para ambos aos olhos e ao sorriso de ambos.

O Príncipe levou a Gata Borralheira imediatamente para o palácio montados ambos num mesmo cavalo branco. E a madrasta e as duas irmãs suas filhas e irmãs de Gata Borralheira ficaram por entre os vidros e as cortinas danadas e furiosas e sem perceberem nada porque eram as três tão burras que nunca percebiam nada de nada.

O soutien voltou a ser usado algumas vezes pela Gata Borralheira porque a Gata Borralheira era poupada, percebia muito de afrodisíacos e era tão fetichista como o Príncipe.

Adília Lopes
“A Bela Acordada”
in Obra, Edições Mariposa Azul

imagem: Ray Caesar

Quem canta consente (4)

The Gossip
“standing in the way of control”

Your back's against the wall
There's no one home to call
You're forgetting who you are
You can't stop crying
It's part not giving in
Part trusting your friends
You do it all again and I'm not lying

Oh oh oh
Standing in the way of control
(…)

I'm doing this for you
Because it's easier to lose
And it's hard to face the truth
When you think you're dying
It's part not giving in
Part trusting your friends
You do it all again but you don't stop trying

(…)
Standing in the way of control
We live our lives
Because of standing in the way of control

ps: vão estar no superbock!

quinta-feira, maio 24

Boum, boum!

Este assunto já cheira a mofo – para não nomear outros odores bem piores – mas o cusquices não pode deixar de o comentar. Fala-se do anúncio (seja na TV, seja nos outdoors) da TvCabo. O famoso trim, trim.

Há seres que não compreendem porque nos sentimos tão irritadas com as meninas (que até são sossegadinhas e com poucas carnes à mostra) do tal anúncio. Mais, ainda querem comparar com o facto de não nos incomodarmos de ver a Vanessa Fernandes “entrar-nos pela casa adentro” quase nua.

A estupidez da pergunta e da comparação são bem visíveis. Tão gritantes que não mereceriam uma resposta. Mas o meu lado pedagógico (isto soou pedante?) diz-me para lhes dar uma chance. Ei-la, portanto.


Não é o facto de as raparigas serem bonitas e a Vanessa Fernandes ficar a dever um bocadinho nesse campo que nos irrita. Lamento desiludir, mas não é ciúme (daquele barrigudo de meia idade) nem inveja (da beleza ou juventude das meninas – até é um bocado pedófilo, o anúncio). Simplesmente, as raparigas aparecem submissas; submetidas aos encantos de um “parolo” qualquer. Aparecem como enfeite do anúncio. Estão lá para “embelezar” o dito. E nós não gostamos que as mulheres sejam representadas dessa forma. Estamos fartas de ser o “belo sexo”. O artigo decorativo. A serva das vontades e desejos masculinos.


Para além disso, a escolha de uma publicidade desse tipo (a apelar à libido masculina) deixa de fora, mais uma vez, as mulheres (hetero?) como consumidoras. Acham mesmo que o anúncio se destina a mulheres?


Quanto à Vanessa Fernandes, há motivos de orgulho. Há todo um trabalho meritório à volta do seu fato minimalista (já imaginaram o que seria ter de correr, pedalar com um fato de treino normal? – nem acredito que tenho mesmo de dizer isto).

Mas pior que o trim, trim da TV, é o mesmo anúncio em cartazes espalhados pelas cidades. Estão as três deitadinhas, com olhar lascivo e cobertas por um lençol vermelho, onde se pode ler “Chamadas Ilimitadas”. Quer-me parecer que o que as três belezas (contra quem nada tenho, a não ser como “anunciantes”, até porque não conheço) estão a oferecer são outros serviços ilimitados… E lá estamos nós outra vez com a “mulher-objecto”, “mulher-mostruário”, “mulher-disponível-para-as-vontades-do-seu-amo”. Haja paciência!

Tenho pena que o sexo continue a ser a estratégia que grande parte dos/das publicitários/as use. Estratégia primitiva. Mas parece que parte do público-alvo também o é. Por isso, e se porque há estupidez suficiente para se colocar uma pergunta deste tipo, não é de estranhar que esse tenha de ser o recurso.

E por favor, pior de que ouvir um homem a perguntar “porquê a irritação?” é ouvir mulheres responderem que é ciúme. Se assim o é, que falem por si. Outro estereótipo que não me faz falta nenhuma é o da mulher-contra-mulher e da tonta insegura que daria tudo por um corpo que não fosse o seu.

E agora desculpem lá, mas o telefone está a tocar e tenho três bonzões à minha disposição!

terça-feira, maio 22

Segundo sexo na primeira pessoa

- Excertos de entrevista de John Gerassi a Simone de Beauvoir (1976)
Gerassi. Disse que a sua própria consciência feminista desenvolveu-se durante a experiência de escrita de “O Segundo Sexo”. De que forma vê o desenvolvimento do movimento depois da publicação deste livro do ponto de vista da sua própria trajectória?

Beauvoir. Ao escrever “O Segundo Sexo” percebi, pela primeira vez, que eu própria estava a levar uma vida falsa, ou melhor, que estava a lucrar desta sociedade centrada no homem sem me dar conta disso.

O que aconteceu é que desde cedo aceitei os valores masculinos, e vivia de acordo com eles. Claro que eu tinha bastante sucesso, e isso reforçou a crença de que homens e mulheres poderiam ser iguais se a mulher quisesse tal equidade. Por outras palavras, eu era uma intelectual. Tivera a sorte de provir de um dado sector da sociedade, a burguesia, que não só pôde financiar as melhores escolas mas também permitir que me ocupasse calmamente de ideias. Devido a isso, consegui entrar no mundo dos homens sem muita dificuldade.Mostrei que podia debater filosofia, arte, literatura, etc., ao “nível dos homens”. Reservei o que era particular à condição da mulher para mim mesma. Fui incentivada a continuar pelo meu sucesso. À medida que o ia fazendo, vi que poderia ganhar a vida tão bem quanto um intelectual do sexo masculino e que era levada tão a sério como qualquer um dos meus pares. (…)

Cada passo reforçou a minha ideia de independência e igualdade. Assim sendo, tornou-se muito fácil esquecer que uma secretária jamais usufruiria dos mesmos privilégios. (…)

De facto, eu pensava, sem nunca admitir, que “se eu posso, também elas podem”. Ao pesquisar e escrever “O Segundo Sexo” apercebi-me que os meus privilégios resultavam do facto de ter abdicado, pelo menos em alguns aspectos cruciais, da minha condição feminina. Se colocarmos isto em termos de classe, percebê-lo-á facilmente: tinha-me tornado uma colaboracionista de classe. Bom, era uma espécie de equivalente nos termos da luta entre géneros.

Através de “O Segundo Sexo” tomei consciência da necessidade da luta. Percebi que a grande maioria das mulheres simplesmente não tivera as oportunidades que eu tivera, que as mulheres são, de facto, definidas como um Segundo sexo pela sociedade centrada nos homens, cuja estrutura implodiria caso essa orientação fosse genuinamente destruída. E que, tal como os povos económica e politicamente dominados em qualquer parte do mundo, é muito difícil e lento o desenvolvimento de uma rebelião. Primeiro esses povos teriam que tornar-se conscientes dessa dominação. Depois teriam que crer na sua própria força para transformá-la. Aquelas que lucram com a sua “colaboração” têm que perceber a natureza da sua traição. E, finalmente, aquelas que têm mais a perder por tomarem partido, ou seja, mulheres que, como eu, ascenderam a uma carreira e posição de sucesso, têm de ter vontade de arriscar a insegurança para ganharem respeito próprio. E terão que perceber que, de entre as suas irmãs, as que são mais exploradas serão as últimas a juntarem-se-lhe.

(...) À medida que se desenvolve a tecnologia – sendo esta o poder do cérebro e não do músculo – o raciocínio de que a mulher é o sexo fraco e que, por isso, deve ter um papel secundário já não pode ser racionalmente mantido. Uma vez que as inovações tecnológicas estavam tão largamente difundidas na América, as americanas não poderiam escapar às contradições.

(...)Tendo percebido que o capitalismo conduz necessariamente à dominação dos povos pobres de todo o mundo, massas de mulheres começaram a juntar-se à luta de classes – mesmo que não aceitassem o termo “luta de classes”. Tornaram-se activistas. Juntaram-se às marchas, manifestações, campanhas, grupos clandestinos e à esquerda militante. Lutaram, tanto quanto qualquer homem, por um futuro sem exploração nem alienação. Mas o que aconteceu? Nos grupos ou organizações a que se juntaram, descobriram que eram tanto o segundo sexo como o eram na sociedade que queriam suplantar. (…)


As mulheres tornaram-se as dactilógrafas, as fazedoras de café desses grupos pseudo-revolucionários. Bem, não deveria dizer pseudo. Muitos destes grupos eram genuinamente revolucionários. Mas treinados, desenvolvidos, moldados numa sociedade orientada para o homem, e esses revolucionários trouxeram essa orientação para o seio do próprio movimento.

Como é natural, esses homens não abandonariam voluntariamente essa orientação, tal como a classe burguesa não abandonará voluntariamente o seu poder. Assim sendo, tal como pertence aos pobres destruir o poder dos ricos, também pertence às mulheres destruir o poder dos homens. E isso não significa dominar os homens em alternativa. Significa estabelecer a igualdade.

Tal como o socialismo, o verdadeiro socialismo, estabelece a igualdade económica entre todos os povos, o movimento feminista aprendeu que terá de estabelecer a igualdade de género através da conquista desse poder à classe dominante dentro do movimento, ou seja, aos homens. Por outras palavras: uma vez dentro da luta de classes, as mulheres perceberam que essa luta não eliminaria a luta entre sexos. (...)

(Tradução de Andreia Cunha)

Imagem: Beauvoir por
Henri Cartier-Bresson

Só para fanáticas...

... aqui ficam os links para o excelente documentário "Vozes e Olhares no Feminino", produzido pela AJPaz e apresentado em Coimbra, no Encontro Nacional de Mulheres (04/2007).

Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV

quinta-feira, maio 17

Courrier Blogosférico

Vejam este excelente post da Denise sobre alguns mitos (e verdades) que envolvem o feminismo, como o “sou feminina, não sou feminista” ou "as feministas são amargas, mal amadas, rancorosas". Vale mesmo a pena.

segunda-feira, maio 14

Anos 70 - Sexos (1ª parte)

O vídeo é um fragmento do documentário franco-alemão "Anos 70 - Sexos", onde são abordados temas como o aborto, movimento SCUM, papéis de género, etc. Tem imagens de jornais da época, excerto de uma entrevista a Simone Veil, imagens de manifestações, noticiários… E são apenas 6 minutos.


A segunda parte do documentário, que aborda sobretudo a androginia (na música) e as reivindicações sexuais (direitos dos/das homossexuais), pode ser vista aqui.

sexta-feira, maio 11

O mundo feminino em 2031

"Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031, sobre como as mulheres dominaram o mundo:
- Foi assim que tudo aconteceu, meu filho...
Elas planearam o negócio discretamente, para que não notássemos.
Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos.
Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião.
Parecia brincadeira.
Pouco a pouco, elas conquistaram cargos estratégicos:
Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo...
- E aí, papai?
- Ah, os homens foram muito ingênuos...
Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela...
Triste engano.
De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais.
"Oi querida!", por exemplo, era a senha que identificava as líderes...
"Celulite", eram as células que formavam a organização.
Quando queriam se referir aos maridos, diziam "O regime".
- E vocês? Não perceberam nada?
- Ficávamos jogando futebol no clube, despreocupados...
E o que é pior:
Continuávamos a ajudá-las quando pediam.
Carregar malas no aeroporto, consertar torneiras, abrir potes de azeitona, ceder a vez nos naufrágios...
Essas coisas de homem.
- Aí, veio o golpe mundial?!?
- Sim, o golpe!!!
O estopim foi o episódio Hillary-Mónica.
Uma farsa...
Tudo armado para desmoralizar o homem mais poderoso do mundo!
Pegaram-no pelo ponto fraco, coitado...
Já lhe contei, né?
A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica.
Pobre presidente...
- Como era mesmo o nome dele?
- William, acho...
Tinha um apelido, mas esqueci... Desculpe, filho, já faz tanto tempo...
- Tudo bem, papai... Não tem importância. Continue...
- Naquela manhã, a Casa Branca apareceu pintada de cor-de-rosa.
Era o sinal que as mulheres do mundo inteiro aguardavam!!!
A rebelião tinha sido vitoriosa!
Então, elas assumiram o poder em todo o planeta!
Aquela torre do relógio em Londres, chamava-se Big-Ben, e não Big-Betty, como agora...
Só os homens disputavam a Copa do Mundo, sabia?
Dia de desfile de moda, não era feriado...
Essa Secretária Geral da ONU, era uma simples cantora... Depois, trocou o nome, de Madonna, para Mandona!
- Pai, conta mais...
- Bem filho...
O resto você já sabe: Instituíram o Robô "Troca-Pneu," como equipamento obrigatório de todos os carros...
A Lei do Já-Prá-Casa, proibindo os homens de tomar cerveja depois do trabalho...
E, é claro, a famigerada semana da TPM, uma vez por mês...
-TPM???
- Sim, TPM...
A Temporada Provável de Mísseis...
É quando elas ficam irritadíssimas e o mundo corre perigo de confronto nuclear...
- Sinto um frio na barriga só de pensar, pai...
- Sssshhh!...
Escutei barulho de carro chegando...
Disfarça e continua picando essas batatas... ".
Luiz Fernando Veríssimo

quarta-feira, maio 9

Lá em casa, quem veste as calças sou eu

Mesmo dito por uma mulher esta expressão é de um tremendo machismo. Olha queres tu ver que para "mandar" tenho de ter, pelo menos, um símbolo de masculinidade? Ele é as calças para simbolizar o poder; ele é "mulher de tomates" para as corajosas; ele é "gaja de pêlo na venta" só porque não diz amén a tudo...

Eu cá disp(ens)o muito bem as características masculinas... e o tom aparentemente de elogio destas expressões falocêntricas.

É que lá em casa, quem veste a camisola sou eu!

Quem canta consente (3)

Nancy Sinatra
"These Boots Are made For Walking"

(..)
These boots are made for walking, and that's just what they'll do

One of these days these boots are gonna walk all over you

Are you ready, boots?
Start walkin'

quinta-feira, maio 3

Embe-leSar

«Toda a mulher sabe que, independentemente de todas as suas outras proezas, é um fracasso se não for bonita. Sabe também que qualquer que seja a sua beleza, esta decai a olhos vistos dia após dia. Uma mulher nunca pode parecer a idade que tem. Mesmo que seja de uma beleza sobrenatural, como as supermodelos cujas imagens vê reproduzidas à sua volta até lhe serem mais familiares do que os traços da sua própria mãe, nunca pode ser suficientemente bonita. Deve haver bocados dela que não prestam, os seus joelhos, os seus pés, as suas nádegas, os seus seios. (...)



Os cientistas designam a anormal preocupação com um defeito no aspecto físico por Perturbação Dismórfica Corporal [Michael Jackson parece ser um caso evidente desta perturbação; fez mais de 30 cirurgias plásticas]. (...) Aquilo que num homem é comportamento patológico é exigido de uma mulher. Um homem calvo que use peruca é uma figura ridícula; uma mulher calva que se recuse a usar peruca está a ser obstinada. As mulheres com pêlos a "mais" (i.e., quaisquer pêlos) devem lidar diariamente com todo o tipo de produtos de depilação para parecer que não têm pêlos. Oxigenar bigodes, pôr cera nas pernas e arrancar sobrancelhas são actividades que absorvem centenas das horas das mulheres. (...) Ninguém diria que a mulher que se sujeita à agoniante provação de arrancar os pêlos das virilhas com cera quente sofre de Perturbação Dismórfica Corporal.»

Germaine Greer
in A Mulher Total

Imagem: René Magritte
The Collective Invention

Cuscamos por lá?

Seminário

"DESCONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA DE GÉNERO NAS ESCOLAS. PREVENÇÃO: ARTE E TEXTO"
11 de Maio
Gondomar

O Programa pode ser visto aqui.
Inscrições aqui.

terça-feira, maio 1

Quem canta consente (2)

Bikini Kill
"Rebel Girl"


That girl thinks she's the queen of the neighborhood
She's got the hottest trike in town
That girl she holds her head up so high
I think I wanna be her bestfriend
Rebel girl Rebel girl
Rebel girl you are the queen of my world
Rebel girl Rebel girl
I think I wanna take you home
I wanna try on your clothes
When she walks, the revolution's coming
In her hips, there's revolution
When she talks, I hear the revolution
In her kiss, I taste the revolution
Rebel girl.............
That girl thinks she's the queen of the neighborhood
I got news for you: SHE IS
They say she's a slut but i know
She is my bestfriend
Rebel girl Rebel girl Rebel girl
i really like you, i really love you
i really wanna be your bestfriend
Love you like a Sister Always
Soul sister Blood sister
Please be my rebel girl